Após Lula desmarcar ato, Boulos recebe irmão do presidente, que critica Marçal

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato Guilherme Boulos (PSOL) minimizou o cancelamento de atos com Lula (PT), previstos para o próximo fim de semana, durante um evento de campanha nesta quarta-feira (25) que contou com a presença do sindicalista José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente.

Lula estaria na capital neste fim de semana para tentar ajudar o candidato à Prefeitura de São Paulo a conquistar eleitores pobres, mas só deve visitar a cidade no dia 5, véspera do primeiro turno. Boulos e aliados esperam uma participação mais intensiva do presidente no segundo turno.

Frei Chico disse à reportagem, na saída do encontro, que a campanha está difícil, mas acredita que “dá para ganhar”, e criticou a forma de atuação de Pablo Marçal (PRTB), que ele descreveu como “uma técnica para não deixar ter debate e eliminar o adversário com acusações, com estupidez”.

“Você desvia a atenção dos problemas sérios”, afirmou o irmão de Lula. “É o que esses caras estão fazendo, principalmente o Marçal. Que eu espero que tirem fora enquanto é tempo, para salvar o Brasil.”

Frei Chico vota em São Caetano do Sul (SP) e frequenta atividades do PT na capital. Ele é diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos. No evento, em um hotel na região central, o irmão de Lula teve a presença citada por Boulos no discurso para uma plateia de apoiadores.

À imprensa, após o ato em que listou promessas para a população acima de 60 anos e recebeu no palco a deputada federal e ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL), Boulos afirmou que tem “apoio integral” de Lula e lembrou que ele está participando da campanha também via propagandas de TV.

“Fui a Brasília fazer gravações com ele. [A minha] foi a única campanha do Brasil que ele veio, fez dois comícios [em 24 de agosto] e fará novos no primeiro e no segundo turno”, disse o deputado federal.

Os atos que deveriam contar com a presença de Lula devem ser mantidos, com a participação de Boulos e da vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). A ideia é fazer carreatas nas regiões de Grajaú (zona sul) e São Mateus (zona leste), na intenção de se aproximar do eleitorado periférico.

A presença do petista na cidade chegou a ser confirmada por Boulos.

A expectativa agora é que Lula participe de uma caminhada na região central -a avenida Paulista é um dos locais avaliados- no dia anterior à votação do primeiro turno. Assessores reiteram que a programação depende da agenda presidencial e que imprevistos podem ocorrer.

Questionado sobre a atuação de Lula na campanha, Frei Chico afirmou que ele “só ajuda, atrapalhar não vai atrapalhar nada”. O presidente desmarcou as atividades deste fim de semana em São Paulo porque deve viajar no domingo (29) para a posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum.

“É uma campanha difícil, porque está difícil para todo mundo fazer campanha. Há novas fórmulas esquisitas, que a gente não está entendendo. Está faltando um pouco de conversa, de convencimento pessoal das pessoas”, comentou o sindicalista.

Ele disse que os próximos dias são fundamentais para a militância conquistar novos eleitores pelo boca a boca. “E eu acho que dá para ganhar as eleições. Não é fácil, mas eu acho que dá.”

Na pesquisa Datafolha da semana passada, o representante do PSOL obteve 26% de intenção de votos no quadro geral e chegou a marcar a 48% entre eleitores que votaram em Lula no segundo turno da eleição presidencial de 2022, mas o número ainda está aquém do esperado pela campanha.

A meta é elevar os índices entre eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos, faixa em que o nome do PSOL registra 20%, abaixo dos 31% de Ricardo Nunes (MDB). Outro dado que preocupa o comitê é o percentual de 18% alcançado pelo emedebista entre os que apoiaram Lula há dois anos.

Entre eleitores com mais de 60 anos, Boulos marca 30% no Datafolha, empatado com Nunes (31%).

Boulos reforçou no evento a promessa de criar 32 espaços chamados de Centros 60+, em todas as regiões da cidade, com serviços como teleassistência, apoio jurídico e atividades de lazer. “Vai ser um centro de referência para as pessoas idosas”, disse.

O deputado criticou a gestão Nunes pela atuação na área e afirmou que “dinheiro em São Paulo não falta, falta prefeito”.

O candidato também pediu à plateia, cheia de idosos, que ajude a reforçar as bandeiras da campanha nesta reta final e desminta fake news que muitas vezes prosperam entre pessoas com mais idade.

Boulos disse que, na eleição de 2020, quando ele foi ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB), “uma parte importante da população idosa optou por um caminho na eleição mais conservador”.

“O que eu quero pedir para vocês é que conversem, é que lembrem as pessoas, é que mostrem a proposta de cada um. Porque muitas vezes, e daí não são só as pessoas idosas, é a cidade como um todo, acaba sendo levada a fake news, mentira.”

JOELMIR TAVARES / Folhapress

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