SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Black Friday desta sexta-feira (29) foi marcada por um movimento discreto e ofertas pontuais em shoppings e supermercados de São Paulo. Nos estabelecimentos visitados pela reportagem, consumidores que saíram de casa não demonstraram grande entusiasmo com as promoções.
Em uma unidade do Carrefour da zona oeste, os anúncios de promoções destacavam eletrônicos, pneus automotivos e bebidas, mas não comidas. Após a crise com os frigoríficos devido à polêmica de boicote às carnes brasileiras, os alto-falantes anunciavam oferta do quilo do salmão de R$ 69 por R$ 49, mas não se ouviu nada sobre cortes de carne bovina. Um funcionário afirmou que não seriam feitos anúncios de carnes bovinas, pois algumas peças ainda estavam em falta no estoque.
No Shopping Santa Cruz, na zona sul da capital paulista, as placas e ofertas da Black Friday passaram despercebidas em meio aos enfeites e ao clima natalino já predominante.
Para quem se preparou para aproveitar a data, a calmaria supreendeu. O entregador de aplicativos Pedro Augusto, 35, chegou cedo ao shopping antes mesmo de sua abertura, esperando encontrar filas e um ambiente mais agitado. “Achei que teria aquela correria que a gente vê nos vídeos, mas parece uma sexta-feira normal”, observou.
Ele planejava adquirir roupas, mas analisava as promoções com cautela. “Dei uma olhada, mas ainda não decidi. Tem coisas legais e baratas, mas dá medo de cair em desconto falso.”
Já a aposentada Eunice da Silva, 73, foi surpreendida pela Black Friday ao ir ao Shopping Ibirapuera, em Moema, para compras de rotina. “Não lembrava que era hoje a ‘black fraude’. Acho que não vou comprar nada”, disse.
Para a maioria dos entrevistados, a data ainda gera muita desconfiança com os descontos.
Entre os itens mais procurados nas lojas físicas pelos consumidores ouvidos estão roupas, produtos de beleza e eletrônicos. No entanto, a maioria declarou preferir o comércio eletrônico, citando preços mais atrativos e a facilidade de comparar ofertas.
A manicure Talita Santos, 38, foi ao Shopping Ibirapuera acompanhar o filho na busca por um tênis, mas com limites claros no orçamento. “Se for R$ 600, não vou deixar meu filho levar. Se tem oferta online por R$ 400 e pouco, por que vou deixar ele pagar mais?”
O coach de academia Pedro Carlos, 32, garantiu os eletrodomésticos que desejava pela internet, mas visitou o Shopping Santa Cruz para conferir os descontos presenciais. “É mais fácil pesquisar e comparar preços online”, afirmou. “Vim só dar uma espiada, mas nenhuma promoção chamou minha atenção.”
Nos supermercados visitados pela reportagem nesta sexta-feira, o dia de ofertas começou fraco. A maior parte dos consumidores foi aos locais para as compras habituais, mas aproveitou as promoções para adquirir itens básicos de alimentação e limpeza.
A reportagem esteve em três unidades na zonas oeste da capital paulista, pela manhã. Clientes ouvidos falaram que sabiam da Black Friday, mas não estavam indo ao local por causa dela, com exceção de algumas pessoas.
Sobre as ofertas, a maioria achou que os descontos não estavam tão bons.
Cristina Maria da Silva, 54, disse que encontrou desconto no café. Um casal, Dario e Loide Barbosa, 72 e 66, aproveitaram para comprar ventiladores e esfregões em promoção no Assaí do Jaguaré, na zona oeste.
O desconto do esfregão fez bastante sucesso entre os consumidores. O casal, por exemplo, levou três unidades para doação na Assembleia de Deus, igreja que frequentam na zona sul.
No Shopping JK Iguatemi, localizado na Vila Olímpia, poucas placas anunciavam promoções específicas da Black Friday, mas as lojas de grife atraíram consumidores interessados em possíveis descontos.
Roupas, produtos de beleza e doces natalinos estiveram entre os itens mais procurados. A estudante Bruna de Lima, 24, aproveitou o horário de almoço para explorar as ofertas. “Algumas lojas estão vazias e outras com fila grande. Tem algumas marcas que vale a pena procurar pessoalmente”, diz. Mesmo sem grandes expectativas, ela disse que queria experimentar produtos antes de comprar, algo que considera difícil no ecommerce.
Para o empresário Márcio Ferreira, 37, o movimento não estava muito diferente do que em outros dias. No entanto, algumas lojas, como a Sephora, estavam mais movimentadas. “Comprei só uma camiseta este ano. Não fiz nenhuma pesquisa de preço, mas as promoções estão fracas na maioria das lojas aqui, pelo que eu vi.”
JOÃO PEDRO ABDO E GUSTAVO GONÇALVES / Folhapress