BNDES fecha acordo com J&F para dupla listagem da JBS, na B3 e nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) chegou a um acordo com a J&F Investimentos para a dupla listagem de ações da JBS nas Bolsas de Valores do Brasil (B3) e dos Estados Unidos (Nyse), informou o banco nesta segunda-feira (17).

O acordo garante ao BNDES o pagamento de até R$ 500 milhões por parte da J&F, caso as ações da JBS na Bolsa de Valores de Nova York não atinjam uma valorização pré-estabelecida entre as partes no segundo semestre de 2026. Até lá, é esperado que as ações já estejam negociando em Wall Street.

O acordo é válido caso a dupla listagem ocorra até o fim de 2026, fim do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O momento da oferta de ações nos EUA, porém, depende do humor do mercado americano, atualmente em território contracionista com o receio de investidores às tarifas do governo de Donald Trump.

A ida da empresa dos irmãos Batista ao mercado de capitais dos EUA era pleiteada há anos, mas dependia da aprovação do banco público, que é o segundo maior acionista da companhia, com 20,8% do frigorífico JBS.

Uma dupla listagem permite que a empresa acesse o mercado de capitais dos dois países e capte mais recursos para investir em seus negócios. O mercado norte-americano é o maior do mundo e concentra mais de 60% do capital. Suas duas Bolsas de Valores (Nyse e Nasdaq) somam cerca de US$ 60 trilhões, de acordo com a Statista. Já o mercado de capitais brasileiro é bem menor, com cerca de US$ 700 bilhões, segundo a Ceic.

A expectativa da empresa é reduzir custo de capital, o que poderá levá-la a ampliar investimentos.

A decisão foi tomada pela diretoria do BNDES na última quinta-feira (13) e anunciada após o fechamento da Bolsa nesta segunda.

A atual participação acionária do banco no frigorífico de Joesley e Wesley Batista não será alterada com a dupla listagem, mas a estatal não descarta uma eventual venda de suas ações na companhia.

Em troca, a estatal se absterá de votar na assembleia geral da JBS que tratará sobre a dupla listagem. Com isso, a decisão final ficará a cargo dos acionistas minoritários privados da JBS, uma vez que o maior acionista da empresa (J&F) não terá direito a voto.

Segundo o BNDES, desde 2007, quando investiu R$ 8,1 bilhões na JBS, o banco de fomento recebeu R$ 4,9 bilhões em dividendos. Considerando a venda de parte das ações ao fim de 2024, o ganho total soma R$ 22,7 bilhões.

OS DEZ MAIORES ACIONISTAS DA JBS

1. J&F (48,3%)

2. BNDES (20,8%)

3. Capital Group (7,84%)

4. Vanguard Group (2,05%)

5. Blackrock (1,65%)

6. Ameriprise (0,67%)

7. FMR (0,55%)

8. Dimensional (0,40%)

9. Banco do Brasil (0,34%)

10. Charles Schwab (0,32%)

JÚLIA MOURA / Folhapress

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