Candidatos a vereador defendem tarifa zero e divergem em debate da Folha sobre celular em escola

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os participantes do segundo debate promovido pela Folha de S.Paulo entre concorrentes à Câmara Municipal de São Paulo concordaram que a tarifa zero é uma boa medida para a capital paulista, mas divergiram sobre a proibição do celular nas escolas.

Estiveram presentes no encontro o advogado e especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni (Republicanos), a economista e empresária Cynthia Michels (PSD) e a líder sem-teto Débora Lima (PSOL), presidente da legenda no estado.

Os três avaliam que a tarifa zero no transporte público municipal é importante, mas ainda muito limitada. Atualmente ela ocorre somente aos domingos.

Para eles, a gratuidade deveria ser ampliada de forma gradativa, com análise sobre o impacto no trânsito e dentro das possibilidades financeiras do município.

A revisão de rotas e modelos dos veículos foi citada como uma possibilidade para diminuir o custo do transporte e acelerar o processo de gratuidade sem onerar os cofres públicos.

Em relação à proibição de celulares nas escolas, objeto de um projeto de lei que o Ministério da Educação prepara, as discordâncias se deram em torno de eventuais prejuízos e benefícios da medida.

Cynthia, do PSD, afirmou que é a favor de evitar utilização do aparelho pelas crianças e adolescentes, mas ressaltou que poderiam existir exceções para o uso pedagógico. “Moderadamente ela pode ajudar”, diz.

Débora, do PSOL, também se posicionou a favor da proibição. Segundo ela, muitas crianças e adolescentes usam redes sociais nas aulas e, com isso, não conseguem prestar atenção no que o professor diz. “Claro que é importante a escola estar preparada, com tecnologia e, se necessário, usar o celular para aprender ou fazer algum projeto”, afirma.

Já Azzoni, do Republicanos, posicionou-se contra a proibição. Segundo ele, as novas gerações possuem um potencial importante de entendimento sobre o tema. “Como você vai privá-los, dentro de um processo educacional, de ter acesso a essa tecnologia?”, questiona.

Ele argumenta que os alunos perderam interesse pelo formato das aulas, e tirar o celular não mudará isso. A solução, diz, seria integrar o ensino ao uso aparelho, além de modernizar o ensino em outros aspectos.

Em relação à segurança, a candidata do PSOL propõe contratar mais profissionais e melhorar as condições da GCM (Guarda Civil Municipal), além de ter uma guarda mais humanizada. Ela defende que mais profissionais da corporação nas proximidades das escolas.

“A gente sabe que o caminho da segurança está na Guarda Municipal, mas, infelizmente, a gente que mora na periferia não se sente segura”, afirma.

A candidata do PSD também fala em ampliar o efetivo da GCM e melhorar o treinamento dos profissionais.

“E ampliando um pouco, além da questão da segurança pública, ela também é importante para zeladoria. Temos também bons exemplos, como a vizinhança solidária”, diz.

O candidato do Republicanos, por sua vez, afirma que a GCM deveria ter mais funções do que tem hoje. Para ele, eventuais casos de excesso devem ser punidos, e não balizar a forma como a cidade vê a corporação.

“Ela não tem poder de polícia, porque ela é guarda. Ela deveria deixar de ser guarda para ser polícia.”

Alessandro Azzoni é advogado, economista e especialista em direito ambiental. Ele faz parte do conselho deliberativo da Associação Comercial de São Paulo. Seu partido, o Republicanos, apoia o candidato à prefeitura Ricardo Nunes (MDB).

Cynthia Michels é empresária e se define como ativista pela inovação consciente. Ela já concorreu a deputada estadual pelo PSB, em 2022, mas ficou com a suplência. Seu partido atual, o PSD, também apoia Nunes.

Débora Lima compõe o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Já dirigiu o PSOL de Guilherme Boulos da capital e hoje preside o partido no estado de São Paulo.

A Folha de S.Paulo está promovendo três debates com candidatos a vereador na cidade de São Paulo. A cada encontro, três postulantes ao cargo discutem ao vivo temas como educação, saúde, urbanismo, segurança e transporte.

A escolha dos debatedores seguiu critérios de diversidade, com um representante de direita, centro e esquerda em cada dia e número equilibrado de mulheres, homens, negros e brancos. Além disso, levou-se em conta indicações das legendas e sua representação atual na Câmara.

Cada roda de conversa tem três participantes convidados, com mediação da jornalista Júlia Barbon, repórter de Política. A ideia é apresentar nomes majoritariamente novos -8 dos 9 não são postulantes à reeleição-, seguindo a diversidade de partidos, espectro ideológico, gênero e cor.

Na terça (24), o evento reuniu Adriana Vasconcellos (MDB), Lucas Pavanato (PL) e Marina Bragante (Rede).

Mais três candidatos debatem nesta quinta-feira (26). Estão confirmados o ex-deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (União Brasil), a vereadora e advogada Janaína Lima (PP) e Raimundo Bonfim (PT), coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular (FBP).

TAYGUARA RIBEIRO / Folhapress

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