Candidatos em SP se esquivam de recado de Cármen contra violência na campanha e culpam rivais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Candidatos a prefeito em São Paulo se esquivaram em comentar a declaração da presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, que criticou o ambiente hostil nos debates nas eleições municipais pelo país.

Em sessão no tribunal na terça-feira (24), a ministra falou em “cenas abjetas e criminosas que rebaixam a política a cenas de pugilato, desrazão e notícias de crime”, sem mencionar episódios específicos.

No debate promovido pelo Flow Podcast, que ocorreu na segunda-feira (23), Nahuel Medina, assessor de Pablo Marçal (PRTB), agrediu com um soco Duda Lima, marqueteiro da campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Na semana anterior, José Luiz Datena (PSDB), provocado por Marçal, acertou o candidato do PRTB com uma cadeira em debate na TV Cultura.

Em agenda de campanha nesta terça, Marçal foi questionado sobre a declaração da ministra. Ele respondeu: “Eu não cheguei a ver, mas eu tive informação de que ela não falou de agressividade, mas de agressão”.

“Eu sou contra todas as agressões, mas [criticar] agressividade no debate é como se você estivesse tirando o direito de uma pessoa ter a liberdade de fazer o que precisa ser feito.”

Na mesma ocasião, Marçal criticou a organização do debate do Flow, dizendo ter sido prejudicado, e afirmou: “Até hoje toda minha resposta que parece agressiva é só resposta para injustiça”.

Na noite de segunda-feira, o candidato do PRTB, ao falar sobre a declaração da ministra, citou a cadeirada de Datena e voltou a culpar o marqueteiro de Nunes, ao qual diz que “perdeu o controle”.

“Eu apanhei calado, podendo ter agredido poderosamente, usando o artigo 25 do Código Penal, que é legitima defesa. Eu não sou de agressão, se realmente estiverem preocupados com isso afastem o Datena, que foi pra agressão.”

A reportagem procurou a campanha de Datena para comentar as declarações de Cármen Lúcia, mas não houve resposta.

“A gente coletivamente não está preparado para lidar com candidatos como o Pablo Marçal. Não é só o STF, a imprensa, as candidaturas. Ele não deveria nem ser candidato. Um cara que foi preso, condenado por fazer parte de quadrilha que rouba idoso, que lei é essa que permite que uma pessoa como essa seja candidato? Ele está com financiamento ilegal. Eu não estou jogando palavras a vento. Reunimos diversas provas.”

Também nesta terça, o prefeito Ricardo Nunes disse que a declaração da ministra do TSE aponta que “muitos infelizmente não estão vendo o risco que a gente está cometendo na nossa democracia”.

“Todos nós defendemos a democracia, o que esse cara [Marçal] tá fazendo é algo absurdo.”

Na mesma fala, o prefeito aproveitou para atacar o adversário do PRTB, questionando as declarações que o rival costuma fazer sobre a condenação expedida na Justiça Federal de Goiás em 2010 por integrar quadrilha de fraude bancária.

Nesta quarta, Marçal fez carreata em Perus, na zona norte de São Paulo, e prometeu ir mais vezes à região na reta final da campanha, em um aceno ao eleitorado da periferia, que vem disputando principalmente com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL).

“A gente começou a campanha nas periferias e a gente vai investir nossa energia toda nas periferias para o povo entender que o governo do Pablo Marçal vai ser para os mais pobres.”

GUSTAVO ZEITEL, VICTÓRIA CÓCOLO, CARLOS PETROCILO E ANA LUIZA ALBUQUERQUE / Folhapress

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