Lula e Nísia participam de inauguração de fábrica de insulina em Nova Lima (MG) após escassez

NOVA LIMA, MG (FOLHAPRESS) – Uma nova fábrica da farmacêutica Biomm foi inaugurada nesta sexta-feira (26), em Nova Lima (MG), a cerca de 22 quilômetros da capital Belo Horizonte.

O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra Nísia Trindade, da Saúde, estiveram presentes na cerimônia de inauguração. A sede irá retomar a produção nacional de insulina, insumo necessário para o tratamento de diabetes.

Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) disse que não foi convidado.

Além de Trindade, estavam também os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), Alexandre Silveira (PSD), de Minas e Energia, Alexandre Padilha (PT), de Relações Institucionais, e Luciana Santos (PCdoB), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, também estava presente.

O antecessor de Zema no cargo, Fernando Pimentel (PT), atual presidente da EMGEA, também esteve presente na cerimônia e recebeu elogios do diretor-executivo da Biomm, Walfrido dos Mares Guia Neto.

Em 2023, o Brasil passou por uma escassez de insulina no SUS (Sistema de Saúde Único), tendo que recorrer a contratações diretas e à abertura de licitação para insulinas análogas, como a produzida pela Biomm. No início deste ano, a farmaêutica Sanofi, produtora da insulina Lantus, notificou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a respeito de um risco de desabastecimento do medicamento no país.

Com a nova fábrica, a Biomm irá iniciar a produção da insulina glargina. Esse tipo de insulina é injetado na camada subcutânea e tem uma liberação prolongada do hormônio, permitindo que o diabético realize apenas uma aplicação por dia.

O diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Jorge Mendonça, assinou um protocolo de intenções entre a Biomm e a instituição para desenvolver um programa de cooperação mútua voltado para produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas. A empresa e a Fiocruz ainda terão que realizar reuniões técnicas sobre o projeto.

Santos e Trindade defenderam, em seus discursos, a retomada do Complexo Industrial da Saúde. A insulina não era produzida nacionalmente desde 2001, quando a Biobrás, dos mesmos sócios da Biomm, foi vendida para investidores estrangeiros.

“Após mais de 20 anos, o Brasil retoma a produção nacional de insulina. Esse é um fato histórico”, disse Trindade.

Em seu discurso, o presidente Lula falou sobre a importância da nova fábrica para a indústria de saúde no país e se emocionou mais de uma vez, citando sua bisneta diabética e agradecendo a Neto, da Biomm, que ocupou a pasta do Turismo em seu primeiro governo.

“Sabe quem vai te agradecer pelo resto da vida? A minha bisneta, que tem sete anos de idade e é diabética. Ela vive com o aparelho no ombro”, disse Lula, se referindo a Neto.

Após a fala, como ato simbólico, uma funcionária da Biomm entregou a Lula o primeiro medicamento produzido pela fábrica.

A construção do local terminou em 2020, mas faltavam certificações da Anvisa, que foram concluídas neste ano, permitindo a formulação e envase do produto no país.

Segundo a Biomm, foram investidos um total de R$ 800 milhões na construção da fábrica. Além disso, de acordo com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública de fomento à ciência, o empreendimento recebeu R$ 203 mi em apoio da própria Finep e dos bancos Bndes e BDMG.

A empresa planeja produzir até 40 milhões de frascos de medicamentos por ano, o que, segundo ela, equivale a 80% do mercado nacional. Dados do Ministério da Saúde apontam que 15,7 milhões de brasileiros têm diabetes atualmente, o que equivale a 7% da população. Até 2045 o número pode chegar a 23 milhões de pessoas.

BRUNO XAVIER / Folhapress

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