SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A mulher que foi agredida com um soco no rosto por um policial militar em Campinas, no interior de São Paulo, tinha medida protetiva contra ex-marido que invadiu a casa dela.
A agressão foi denunciada à Corregedoria da PM, que afastou os três agentes envolvidos na ocorrência. Advogada que defende a vítima diz que entrou com ação judicial contra o estado de São Paulo em razão das agressões e pede indenização de R$ 500 mil.
Segundo a advogada Thais Cremasco, que defende a vítima, uma dona de casa de 48 anos, o ex-marido dela invadiu a casa na ocasião, em 21 de outubro, e passou a ameaçá-la. Ela já tinha uma medida protetiva contra o homem, com quem se relacionava desde os 15 anos, e ameaçou chamar a PM para prendê-lo.
“A filha entrou em desespero porque não queria que o pai fosse preso. Começou uma briga, e os vizinhos chamaram a polícia. Ela estava nervosa e ficou com medo pela forma como a polícia foi conduzindo a situação. Ela começou a falar alto para chamar atenção dos vizinhos. O policial começou a xingá-la e deu o soco”, afirmou a advogada.
“É revoltante que uma mulher sob medida protetiva, ao buscar segurança, encontre violência, humilhação e mais dor, desta vez pela mão de quem deveria protegê-la. Como mulher e advogada, manifesto minha indignação, mas também minha esperança: que esta luta inspire cada vez mais mulheres a não se calarem e a exigirem o respeito e a justiça que lhes são devidos”, afirmou Cremasco. O ex-marido não foi detido.
O caso foi denunciado à Corregedoria na terça-feira (10), e os policiais foram afastados das ruas no dia seguinte.
“A Corregedoria foi à casa dela, deu suporte e disse que a ação daqueles policiais não representa a corporação. Mas imagina se não tivesse imagem das câmeras, ela corria o risco de, além de apanhar, ser condenada por desacato e cumprir pena, porque hoje no Brasil a palavra do policial tem uma grande força judicialmente, um dos motivos é a fé pública”, acrescentou.
A mulher agredida teve cortes no rosto e na parte interna da boca, além de ter ficado com hematomas pelo corpo, de acordo com a advogada.
Ela afirmou que está entrando com processo judicial contra o estado em razão da ocorrência.
“Nós pedimos dano estético pela cicatriz, dano moral pelo sofrimento e humilhação, e o dano material por conta dessa diminuição da capacidade dela de poder viver em paz, porque agora ela vive com medo, ela vive traumatizada. Pedimos uma indenização não inferior a R$ 500 mil”, afirmou.
A Polícia Militar afirmou que não compactua com desvios de conduta dos seus agentes e investiga o caso por meio de inquérito policial militar.
“Os policiais que participaram da ocorrência foram identificados e afastados. Todo e qualquer excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei”, afirmou a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress