TERESÓPOLIS, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – As circunstâncias do futebol levaram Rodrygo a frequentemente ser comparado a Neymar. A situação mais recente que gerou esse tipo de paralelo foi o fato dele assumir a camisa 10 da seleção brasileira depois da lesão o craque. Mas essa associação ao que Neymar faz é justamente o que Rodrygo, desde bem cedo, tenta se desvencilhar.
POR QUE ISSO AGORA?
No contexto atual, Rodrygo foi a alternativa imediata vista por Fernando Diniz para suprir a lacuna ofensiva da seleção. Justamente em um “projeto” de time que, segundo o treinador, teria Neymar como ponto central.
Antes de lesão, Rodrygo já tinha seu papel: ser um articulador, com mobilidade para sair da direita para o meio e fazer as combinações com Neymar e quem fosse o atacante.
O ajuste recente visando ao jogo contra a Colômbia trouxe Rodrygo para ser um segundo atacante. A engrenagem funcionou bem nos primeiros dez minutos em Barranquilla. Rodrygo saiu quando o jogo ainda estava 1 a 0, e o Brasil levou a virada. O técnico não atribuiu a virada à substituição e ponderou que o camisa 10 estava cansado.
Diniz disse antes do jogo que “Ninguém precisa se preocupar em ocupar o papel do Neymar”. Ele queria que os jogadores atuassem “de maneira descontraída” e fossem “eles mesmos para o jogo fluir e as coisas acontecerem de maneira natural”.
De fato, Rodrygo não foi Neymar. E, de forma mais abrangente, nunca quis ser. O fato de a carreira dos dois ter raízes e caminhos parecidos trouxe as comparações. Rodrygo, em resposta, já disse que é “idiotice” o comparar com Neymar.
“Fazer tudo que o Neymar fez seria muito difícil, então sempre tirei esse peso de mim. Não dá para ser comparado com seu ídolo, ter que fazer o mesmo que ele fez”, disse ele, ao UOL, ano passado.
QUAIS AS COINCIDÊNCIAS?
Os dois vieram da base do Santos e desde pequenos já foram alçados ao status de futuros craques. Neymar é nove anos mais velho que Rodrygo e eles chegaram a participar juntos de campanhas de marketing do Santos. Na época em que o corte de cabelo ao estilo moicano estava na moda e na cabeça dos dois.
Em termos do estilo de jogo, eles decolaram no profissional jogando na ponta esquerda embora Rodrygo tenha mais versatilidade e facilidade de jogar em outros setores. Só depois de lesões e com a queda de rendimento físico é que Neymar se reinventou e virou o meio-campista atual.
O destino dos dois na saída do Santos foi a Espanha. Neymar foi vendido ao Barcelona, enquanto Rodrygo se transferiu para o Real Madrid. No clube, Rodrygo já se adaptou mais ao lado direito do campo, até pelo fato de Vini Jr ter dominado a esquerda. Mas também cumpre o papel de atuar mais centralizado, que é a necessidade atual da seleção.
Essa função de “dublê” de Neymar já tinha acontecido na Copa 2022, quando Rodrygo substituiu o craque após lesão no tornozelo na estreia. Contra a Suíça, foi um dos destaques ao entrar no segundo tempo, quando Tite, ainda reticente, tinha optado por um meio-campo com Casemiro, Fred e Paquetá.
Contra Argentina, o Brasil precisa de novo da melhor versão de Rodrygo. Independentemente dela ser parecida com Neymar ou não.
IGOR SIQUEIRA / Folhapress