Sou capitalista e pragmática, diz Kamala ao fazer mais promessas para a economia

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Em uma ofensiva para convencer o eleitorado de que é uma escolha melhor para o bolso dos americanos que Donald Trump, Kamala Harris anunciou nesta quarta-feira (25) o terceiro pilar do que vem chamando de “economia da oportunidade”: o fortalecimento da indústria americana.

O novo rol de promessas foi feito durante discurso para empresários no Clube Econômico de Pittsburgh, na Pensilvânia, estado fortemente atingido pelo declínio do setor e que deve ser determinante para o resultado da eleição neste ano.

Kamala também aproveitou o momento para contra-atacar as acusações de Trump de que ela é comunista -o empresário tem se referido à adversária como “camarada Kamala”.

“Não é sobre política ou ideologia. Da minha perspectiva, é apenas bom senso. É o que funciona”, disse a democrata ao defender que sua plataforma econômica vai colocar a classe média como motor do crescimento dos Estados Unidos. “Eu prometo que serei pragmática na minha abordagem.”

“Sou uma capitalista, acredito em mercados livres e justos”, emendou.

A nova rodada de promessas, porém, é menos concreta do que as duas anteriores, voltadas à redução do custo de vida da classe média e aos benefícios a pequenos negócios. Enquanto as outras abrangiam metas claras -construção de 3 milhões de novas casas e aumento da isenção tributária para novas empresas, por exemplo–, as promessas desta quarta são menos detalhadas.

Kamala prometeu que vai trabalhar para que os EUA sejam os líderes globais da indústria do século 21, elencando bioindústria, indústria espacial, inteligência artificial, computação quântica, blockchain e energia limpa. A vice-presidente também disse que focará cidades industriais, como a própria Pittsburgh, conhecida pela produção de aço, por meio de investimentos e créditos tributários que ajudam a expandir e readaptar negócios aos novos tempos.

A democrata prometeu que vai dobrar até o fim de seu eventual mandato o número de aprendizes nos EUA e que vai incentivar a eliminação de exigências de diplomas por empresas para priorizar o que chamou de “desenvolvimento de habilidades”.

“Vamos começar pelos 500 mil empregos federais sobre os quais tenho poder como presidente. Vamos mostrar que é possível e desafiar o setor privado a enfatizar habilidades, não diplomas”, disse.

Kamala também prometeu facilitar, por meio de mudanças tributárias, que funcionários recebam parte dos lucros das empresas.

A menos de 50 dias da eleição, o anúncio serviu também para atacar Trump. A democrata disse que o republicano faz grandes promessas para a indústria, mas que ele já usou a mesma receita em 2016 e, ainda assim, seu governo teria testemunhado a perda de cerca de 200 mil empregos no setor.

“Trump foi manipulado pela China. Eu nunca vou hesitar para tomar medidas rápidas e duras contra a China quando for necessário”, disse ela, citando como exemplos de ações de Pequim “inundar o mercado de aço de qualidade inferior” e “subsidiar injustamente a indústria de chips”.

Uma pesquisa AP/Norc divulgada na última sexta-feira (20) mostrou que 43% do eleitorado diz confiar mais em Trump na economia, e 41%, em Kamala. Considerando a margem de erro de 3,5 pontos percentuais, porém, o cenário é de empate técnico. Foram ouvidos 1.771 eleitores registrados entre 12 e 16 de setembro.

Embora Kamala esteja numericamente atrás, o resultado mostra uma melhora dos democratas no tema, visto como o maior problema por oito em cada de americanos. Outra pesquisa AP/Norc, divulgada em junho, mostrou que 60% dos eleitores desaprovavam o desempenho de Joe Biden na economia.

Antes dos anúncios desta quarta, Kamala já havia prometido um pacote de ações mirando o crucial eleitor de classe média, como isenção de imposto de US$ 6.000 para famílias com crianças ao longo do primeiro ano de vida. Ela também disse que vai propor ao Congresso uma legislação para banir aumentos abusivos de preços, quando uma empresa aproveita uma disparada de demanda repentina.

Boa parte das propostas é a ampliação ou retomada de medidas adotadas durante o governo Biden. No primeiro grupo, está o limite de US$ 35 para o preço da insulina. Isso já vale atualmente para idosos, e Kamala prometeu estendê-la para toda a população. No segundo grupo, está o crédito tributário por criança de até US$ 3.600. O benefício era parte do pacote de resposta à pandemia e expirou após não ser renovado pelo Congresso.

A democrata, no entanto, não explicou como pretende aumentar as receitas para arcar com os custos dessas medidas, embora tenha dito que vai implementá-las sem aumentar o déficit.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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