SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entenda por que Reino Unido barrou compra da Activision Blizzard pela Microsoft e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (27).
**POR QUE REINO UNIDO BARROU ACORDO ACTIVISION-MICROSOFT**
Anunciado como o maior negócio da história da indústria de games, a compra da Activision Blizzard pela Microsoft por US$ 69 bilhões (R$ 349,1 bilhões) sofreu um baque significativo nesta quarta (26).
O órgão antitruste do Reino Unido (função que no Brasil é exercida pelo Cade) rejeitou a aprovação do acordo no país. Justificou preocupações de que ele afetaria a competição do setor de cloud gaming (jogos na nuvem).
Entenda: esse tipo de tecnologia permite que videogames sejam jogados a distância de um clique, como já funciona com filmes e músicas em serviços de streaming.
Ela é considerada como a próxima fase do setor, que dispensará o uso de consoles (explicamos aqui).
No início, o foco da apuração das autoridades britânicas era sobre o impacto da aquisição na concorrência do setor de jogos e consoles.
Ele mudou para o cloud gaming após alguns anúncios da Microsoft, como a promessa de licenciar por dez anos o “Call of Duty”, principal jogo da Activision, ao PlayStation, da rival Sony.
E agora? As duas empresas disseram que vão recorrer à decisão e que continuam comprometidos com o negócio.
As ações da produtora fecharam em queda de 11% em reação ao anúncio, enquanto as da Microsoft subiram 7%, muito por conta do balanço da companhia divulgado na terça (25).
A transação ainda passará pelo crivo de mais dois órgãos antitruste importantes: o da União Europeia, cuja decisão deve sair até 22 de maio, e o dos EUA, que deve começar a avaliar o caso em agosto.
Se a compra não for adiante por problemas regulatórios, o acordo prevê que a Microsoft terá que pagar US$ 3 bilhões à Activision.
Gosta de games? Clique aqui para se inscrever e receber todas as segundas a Combo, newsletter da Folha com novidades sobre o mercado de videogames, análises e dicas.
**RECEITA DA META VOLTA A SUBIR; LUCRO DA VALE DESPENCA**
Após três balanços consecutivos no negativo, a Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) voltou a registrar avanço nas suas receitas no primeiro trimestre de 2023.
Os US$ 28,65 bilhões (R$ 144,9 bilhões) representaram uma alta de 3% sobre o mesmo período do ano passado e vieram bem acima da expectativa do mercado (US$ 27,7 bilhões).
O resultado, assim como a projeção da companhia para uma receita de US$ 32 bilhões para o atual trimestre, fizeram as ações da companhia subirem quase 12% nas negociações após o fechamento do mercado.
Para analistas, o balanço mostra que a Meta enfim superou a tempestade perfeita que a atingiu no primeiro semestre do ano passado, quando teve de enfrentar novas regras de privacidade da Apple, menor demanda de anunciantes e competição acirrada com o TikTok.
Ao investir em IA (inteligência artificial) para melhorar o direcionamento de publicidades, a companhia conseguiu se recuperar do baque na sua principal fonte de receita.
Mais sobre balanços
A Vale, segunda maior empresa negociada na Bolsa brasileira, registrou lucro de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre de 2023.
O resultado veio 51,3% abaixo em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a cotação do minério de ferro disparou após o início da Guerra na Ucrânia.
**A VEZ DOS ELÉTRICOS**
A indústria de carros elétricos parece estar imune aos efeitos de uma eventual desaceleração econômica global.
Pelo menos é o que mostra a projeção da AIE (Agência Internacional de Energia), que prevê um aumento de 35% nas vendas desses veículos neste ano, para 14 milhões de unidades.
Em números: confirmadas as expectativas da agência, os carros elétricos serão responsáveis por 18% de participação no mercado de veículos leves no fim do ano. Para se ter uma ideia do avanço, essa fatia era de apenas 4% em 2020.
De acordo com a AIE, as vendas de carros elétricos se concentram principalmente em três mercados: China, Europa e Estados Unidos.
Na estimativa da entidade, a transformação no setor deve reduzir o consumo global de petróleo em cinco milhões de barris diários até o final da década uma queda de 5% em relação ao gasto atual.
E aqui? No Brasil, a história é outra. Apesar da venda de elétricos ter disparado quase 200% em 2022 em relação a 2021, essas unidades representaram só 0,4% dos licenciamentos de carros de passeio e veículos comerciais leves no país.
A aposta do setor automotivo nacional é o etanol, alternativa que combina a transição energética às características do mercado brasileiro, ainda carente de infraestrutura para os veículos elétricos.
**IPCA-15 DESACELERA, MAS JUROS NÃO DEVEM CAIR**
A prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, desacelerou o ritmo de alta para 0,57% em abril, divulgou o IBGE nesta quarta.
Puxada pela queda no preço dos alimentos, a taxa é a menor para o mês desde 2020.
No acumulado de 12 meses, o índice foi para 4,16%, menor patamar desde outubro de 2020.
Sim, mas Economistas ouvidos pela Folha indicam que a desaceleração dos preços observada no IPCA-15 não será suficiente para o Banco Central baixar os juros na próxima reunião, na semana que vem.
Eles apontam que o resultado acumulado é influenciado pela base de comparação do ano passado, quando a invasão da Rússia na Ucrânia fez os preços das commodities e dos alimentos dispararem.
Eles ainda afirmam que o núcleo do índice, que tira da conta itens mais voláteis, ainda está aquecido. Isso acontece principalmente pela inflação de serviços, monitorada de perto pelo BC por ser mais resistente à alta dos juros.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress