Em Cannes, produtoras ignoram a Ucrânia e fazem negócios com a Rússia

CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Mesmo sob pressão do sindicato de cinema ucraniano, produtoras de todo o mundo seguem fazendo negócios com a Rússia na surdina e nas salas privadas do Marché du Film, a área de negócios do festival de Cannes.

O SHOW TEM QUE CONTINUAR

As empresas estão retomando negócios fechados antes da guerra ou trabalhando com distribuidoras em outras jurisdições para seguir lançando os filmes nos cinemas ou em streamings russos. Um empresário europeu afirmou, sob condição de anonimato à revista americana Variety, que é mais lucrativo seguir atendendo o gigante mercado russo em vez de perder tudo para a pirataria.

A ARTE DA GUERRA

O sindicato ucraniano já avisou, porém, que considera qualquer negociação com a Rússia uma forma de apoio a um “estado terrorista”, que transformará o dinheiro em armas para seguir destruindo o país.

A ARTE DA GUERRA 2

Empresários americanos no Marché du Film estão preocupados com a venda de projetos cujos roteiros ainda não foram finalizados devido à greve dos roteiristas de Hollywood -e que talvez nem sejam rodados dentro do cronograma planejado. Alguns preferiram tirar trabalhos das mesas de negociações, outros apenas avisam seus clientes dos riscos e rezam para que um acordo seja firmado em breve.

A MORTE É MEU TRABALHO

Desafeto de Putin, o cineasta Kirill Serebrennikov, que agitou Cannes no ano passado com “A Esposa de Tchaikovski”, vai começar a filmar seu novo projeto, sobre o oficial nazista Josef Mengele. O anjo da morte, como ficou conhecido, era um dos principais responsáveis por selecionar as vítimas das câmaras de gás e também conduziu experimentos terríveis com os prisioneiros. O roteiro será baseado no best-seller de Olivier Guez, “O Desaparecimento de Josef Mengele”.

ORFEU DA RIVIERA

Vincent Cassel e Caterina Murino vão protagonizar “The Opera!”, nova adaptação do mito grego de Orfeu e Eurídice num musical inusitado, misturando canto lírico, música pop e eletrônica. A ver se o diretor Davide Livermore, que vem das artes cênicas, saberá conduzir o filme sem parecer teatro filmado.

MULHERES DO MUNDO

O Brasil foi representado numa mesa sobre boas práticas em favor da igualdade de gênero pela produtora Juliana Funaro, que faz parte do coletivo Mais Mulheres. O evento teve ainda representantes da França, Inglaterra, Estados Unidos e Egito.

AS PALAVRAS VOAM

A atriz francesa Adèle Haenel, de “Retrato de uma Jovem em Chamas”, exibido em Cannes em 2019, afirmou em carta aberta na imprensa local que o festival “defende estupradores”, uma vez que já acolheu nomes como Roman Polanski e Gérard Depardieu.

AS PALAVRAS VOAM 2

Thierry Frémaux, diretor artístico do Festival de Cannes, rebateu: “Ela não achava isso nas vezes em que veio a Cannes”. A atriz esteve na mostra de cinema ao menos quatro vezes.

HENRIQUE ARTUNI E GUILHERME GENESTRETI / Folhapress

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