SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A passista da Grande Rio que teve o braço amputado conta agora com a ajuda de uma vaquinha virtual criada pelos amigos.
Alessandra dos Santos Silva, 35, afirma ter perdido o membro após uma cirurgia para a retirada de um mioma no útero. No momento, ela não consegue trabalhar devido à amputação e às sequelas emocionais do ocorrido.
Eles destruíram minha vida. Agora tudo acabou, não tenho mais sonhos e planos. Eu sonhava à beça. Era cabeleireira, trancista, implantista. Como que eu trabalho agora? Vou sobreviver de quê? Estou aqui falando bem com você, mas, de repente, começo a chorar. Alessandra em entrevista à Quem
Com o dinheiro da vaquinha, ela se sustenta e arca com tratamentos, como fisioterapia para reabilitação após a amputação do braço.
“Acabou com o meu trabalho, que era o que eu mais gostava de fazer na vida. Não tenho outra renda. Acabou com a parte do meu sonho de ser mãe [devido às complicações, Alessandra foi submetida à retirada do útero]. Eu era noiva há 11 anos e nem sei mais. Minha parte estética está destruída, eu era passista, vaidosa. Destruíram com o meu mental”, disse.
A passista diz que também recebeu apoio da Grande Rio, onde desfila há 19 anos. “Nem pude participar do Carnaval deste ano. Estava na cama do hospital, olhando pelo celular o desfile, e aquilo acabou de me arrasar”.
Ela recusou atendimento de uma psicóloga da Prefeitura de São João de Meriti: “Não quero ser atendida por mais ninguém daquele hospital [Hospital da Mulher Heloneida Studart] Estou traumatizada. Não quero que ninguém de lá encoste a mão em mim. Quando lembro de tudo começo a querer chorar”.
O QUE ACONTECEU?
O caso aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, em fevereiro deste ano, sete meses depois de ela ter sido diagnosticada.
Parte do braço esquerdo dela foi amputada. “Só lembro de acordar sem o braço”, disse ela em entrevista ao jornal Bom Dia Rio, da Globo.
“Eu já estava fazendo todos os procedimentos para poder me cuidar lá [no Hospital]. Antes de operar, eu fiz todo o risco cirúrgico e todos os exames foram feitos lá”, explicou.
Ela precisou fazer outro procedimento. Alessandra precisou voltar para o centro cirúrgico para uma histerectomia total, ou seja, a retirada completa do útero. Ela ficou entubada depois da segunda cirurgia.
Alessandra chegou a ser transferida para outro hospital. Ela foi ao Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, três dias depois da primeira cirurgia, e foi lá que a família soube o real estado de saúde dela.
A equipe médica disse que o braço precisava ser amputado. A mãe explica que o cirurgião lhe informou que o órgão já estava começando a necrosar e, por isso, precisava ser retirado.
O estado de saúde piorou. Depois que a família autorizou a amputação, as condições de Alessandra começaram a se agravar. Ela estava com o rim e fígado quase parando, e correndo risco de contrair uma infecção generalizada.
Ela precisou passar por outros cinco hospitais. A passista conseguiu uma vaga no Hospital Municipal Souza Aguiar, onde conseguiu se recuperar. Ela teve alta apenas no dia 4 de abril.
A família registrou um Boletim de Ocorrência. Segundo Bianca Kald, advogada de Alessandra, familiares já entraram com pedido para ter acesso aos prontuários médicos. Ela pretende entrar com uma ação contra o Estado do Rio de Janeiro.
OUTRO LADO
Em contato com o UOL na segunda-feira (24), a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro lamentou o ocorrido e informou que abriu uma sindicância para a apuração do caso. “A Fundação Saúde informa, ainda, que, após a paciente ter alta médica do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, a equipe do HMulher entrou em contato com familiares para acompanhamento ambulatorial”.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti), e os laudos médicos foram requisitados por agentes.
Redação / Folhapress