Dólar cai e Bolsa sobe com anúncio de estímulos na China e dados dos Estados Unidos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta queda nesta quinta-feira (26), com investidores repercutindo as novas promessas de estímulo econômico na China, maior importador de commodities do mundo.

Às 11h26, a moeda perdia 0,69%, cotada a R$ 5,438, depois de começar o dia com recuo de mais de 1% em relação ao real.

Já a Bolsa tinha alta de 0,62%, a 132.402 pontos, embalada pela força dos papéis da Vale.

A cena externa dominava a atenção do mercado nesta quinta-feira, com foco em anúncios da China e dados econômicos dos Estados Unidos.

O Partido Comunista chinês prometeu “gastar o necessário” para que o país cumpra a promessa de terminar o ano com um crescimento de 5% no PIB (Produto Interno Bruto).

As falas, que incluíram orientações ao governo para sustentar o consumo das famílias e estabilizar o conturbado mercado imobiliário, foram feitas em uma leitura oficial da reunião mensal das principais autoridades do Partido Comunista, o Politburo.

A reunião de setembro não costuma ser um fórum para discussões macroeconômicas, o que sugere uma ansiedade crescente em relação à desaceleração do ritmo do PIB.

Na terça-feira, a China já havia anunciado o pacote de estímulo à economia mais agressivo desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020. As medidas incluem cortes em algumas taxas de juros, uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro, entre outras.

Assim como aconteceu na terça-feira, a reação dos investidores ao anúncio de hoje tem sido positiva e fomentado a procura por ativos de risco, como os mercados acionários.

Para economias emergentes, em particular, o impulso também vinha da valorização de commodities como o minério de ferro e cobre, diante da projeção de maior demanda da China. Na Bolsa de Dalian, o contrato mais negociado do minério de ferro teve alta de 1,75%, a US$ 103,73 a tonelada.

“Um pacote de estímulos econômicos vultoso como o chinês tem melhorado as expectativas de investidores em relação ao desempenho econômico do país, o que ajuda a elevar as expectativas de demandas por commodities”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

“Mostra que aquele pacote de estímulos monetários divulgados há dois dias faz parte de um conjunto mais amplo de ação e demonstra que as autoridades chinesas estão preocupadas com a perda de ritmo do país.”

No Brasil, além dos ganhos no mercado de câmbio, isso também se refletia na disparada das ações da Vale, a empresa de maior peso no Ibovespa. A mineradora avançava 4,68%, e pares do setor também se beneficiavam do otimismo, como Usiminas (5,29%) e CSN Mineração (4,67%).

Do outro lado do mundo, as atenções também se voltavam para novos dados econômicos dos Estados Unidos, com investidores em busca de sinais sobre a trajetória dos juros americanos.

O Departamento do Trabalho informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego recuou para 218 mil na semana encerrada em 21 de setembro, abaixo da expectativa de 225 mil consultados pela Reuters.

Antes considerada mais secundária pelos operadores, a leitura de pedidos de auxílio-desemprego tem sido um termômetro semanal para o estado do mercado de trabalho dos Estados Unidos —agora o principal balizador do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) para a política monetária.

Os dados moveram as apostas de um corte de 0,50 ponto percentual na reunião de novembro um pouco para baixo, de 60% para 56%, por não terem demonstrado um enfraquecimento adicional da empregabilidade do país.

Também está no radar um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em uma conferência em Nova York, além de dados do PIB da maior economia do mundo.

Já no Brasil, o BC (Banco Central) melhorou a projeção de crescimento econômico em 2024 a 3,2%, ante patamar de 2,3% estimado em junho, conforme Relatório Trimestral de Inflação.

A nova projeção para este ano se alinha aos cálculos do Ministério da Fazenda, que também prevê expansão de 3,2% para o PIB.

No relatório, a expectativa de inflação para este ano também subiu. De 3,96%, no último relatório, ela foi para 4,31% —abaixo dos 4,37% esperados pelo Boletim Focus desta semana.

O BC cita como fatores por trás da alta a possível restrição de oferta de produtos devido ao clima seco e o encarecimento de preços de bens industriais, influenciados pelo avanço dos preços ao produtor, pela depreciação cambial e pelo aumento do imposto sobre o cigarro.

“Considerando o hiato do produto em campo positivo, que indica que a economia doméstica está operando acima da sua capacidade potencial, e os riscos inflacionários, o mercado avalia não haver outra alternativa se não a de intensificar o ritmo de aumentos da [taxa] Selic”, avalia André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

Essa perspectiva valorizava o real por causa do possível aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, favorável a investimentos de “carry trade” —isto é, quando investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e lucram ao aplicar esses recursos em economias de taxas mais altas.

Redação / Folhapress

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