Morte de Silvio Santos chama mais atenção para o filme, diz produtor de cinebiografia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foram cinco anos de trabalho, da concepção à execução, para que o filme “Silvio” chegasse aos cinemas na próxima quinta-feira (12). Ninguém contava, porém, com o “timing” do destino, que fez com que o lançamento da cinebiografia praticamente coincidisse com a morte do apresentador, no último dia 17.

Para o produtor Roberto D’Ávila, CEO da Moonshot, o “infeliz evento” pode não ter sido tão infeliz assim. “Talvez chame mais atenção para o filme”, afirmou, na exibição do longa para jornalistas.

O evento com a imprensa, aliás, precisou ser adiado em razão da morte de Silvio. “O que era para ser uma homenagem em vida virou uma homenagem póstuma”, acrescenta D’Ávila. “Sabíamos que era um filme forte, com grande potencial comercial, um filme pop. Escolhemos a data sem a perspectiva de que pudesse acontecer o que aconteceu.”

No longa, Rodrigo Faro interpreta Silvio Santos em um dos momentos mais delicados de sua vida, quando o apresentador e a filha Patrícia foram sequestrados em 2001. Durante as sete horas que passa trancado com o sequestrador, Silvio revisita a própria trajetória, intercalando momentos de glória e de culpa.

Biografia não autorizada

O diretor do filme, Marcelo Antunez, conta que Silvio “não autorizou nem desautorizou” a obra. O apresentador sabia que o longa estava sendo feito, mas nem ele, nem ninguém da família Abravanel se envolveu no processo.

“Isso nos deu uma liberdade criativa”, pondera o produtor executivo Fábio Golombek, da F.J. Productions. Segundo ele, houve uma aproximação recente com a família e conversou-se sobre o interesse em exibir o longa em uma sessão particular. Mas não deu tempo.

Quem mais lamenta o fato de Silvio não ter visto o filme é Rodrigo Faro, que estava emotivo na coletiva de imprensa. “Queria muito que ele tivesse assistido. Tudo o que eu queria era falar: ‘E aí, Silvão? O que achou? Cheguei um por cento perto?”, pergunta, em tom de lamento.

O ator, porém, nega que o longa tenha criado qualquer mal-estar com os Abravanel. “Recebi muitas mensagens de pessoas da família desejando boa sorte e sucesso no lançamento”, diz, sem revelar nomes. O apresentador reiterou várias vezes que teve a bênção de Silvio para retratá-lo.

“Só aceitei esse trabalho porque eu sou maluco, mas principalmente porque ele aprovou”, diz. “Deixei claro para a família que jamais faria algo que fosse manchar a história dele.”

“O Silvio não teria dado aval se não confiasse no taco do Rodrigo”, defende o diretor.

Em uma das cenas, preso na cozinha de sua casa com o sequestrador, Silvio roga: “Eu não posso morrer agora”. A fala ganha novos contornos no contexto em que o filme está sendo lançado. Para Antunez, a obra acabou por fazer uma interseção inesperada com a vida real.

“A fala é muito forte, arrepia”, diz Faro. “Ao mesmo tempo em que para nós é um dia de alegria pelo lançamento desse projeto, é também uma tristeza saber que o Silvio não vai ver o filme. Tudo isso traz uma nova aura de muita emoção”.

ANAHI MARTINHO / Folhapress

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