BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Às vésperas de ter seu salário reajustado em 258% de forma retroativa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), faz mistério se voltará ou não a receber o valor depois do aumento.
Como promessa de campanha em sua primeira eleição, em 2018, Zema se comprometeu a não receber seu salário –que passou, então, a ser doado para instituição social– enquanto não colocasse em dia os vencimentos do funcionalismo público estadual, o que já ocorreu.
A reportagem enviou questionamento sobre o destino do salário do governador no último dia 12 de abril. Não houve resposta. Novo pedido de informação foi feito nesta segunda (17). Também não houve retorno.
O projeto de lei que aumenta o salário do governador, vice-governador e também de secretários de estado, foi aprovado em primeiro turno pela Assembleia em 4 de abril, por 45 votos a 21. A Casa tem 77 deputados.
O projeto aumenta o salário do governador de R$ 10.500 para R$ 37.589,96, elevação de 258% a partir de 1º de abril de 2023. Os vencimentos do vice-governador sairão de R$ 10.250 para R$ 33.830,96, alta de 230%. Já os dos secretários de estado pulam de R$ 10 mil para R$ 31.238,19, elevação de 212%.
O texto prevê outros dois aumentos a partir do ano que vem. No caso do contracheque do governador, o valor passará de R$ 37.589,96 para R$ 39.717,69 em fevereiro de 2024 e para R$ 41.845,49 em fevereiro de 2025.
A expectativa é que o projeto seja aprovado em segundo turno entre esta terça (18) e quinta (20).
“É algo muito pessoal (a questão da doação). Eu avalio que, se trabalhou, tem que receber. É o cargo mais importante do estado. Há muita responsabilidade”, afirma o deputado estadual Cássio Soares, líder do Bloco Minas em Frente, aliado do governador.
Para a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), da oposição a Zema, a doação do salário é apenas uma jogada de marketing. A parlamentar questiona o aumento dos vencimentos para o governador e secretários.
“Esse discurso de manter quadros só vale para o alto escalão? Temos servidores com mestrado na rede estadual com salário de R$ 3,2 mil”, diz.
Em justificativa publicada nas redes sociais em 24 de março, depois de o comando da Assembleia apresentar, a seu pedido, apresentar o projeto do reajuste, Zema disse que o aumento era para atrair e manter quadros técnicos.
“Pra Minas continuar avançando é preciso atrair e manter os mais competentes nos quadros técnicos. São mais de 15 anos de congelamento dos salários dos secretários estaduais, situação incompatível com o cargo. Agradeço à Almg que apresentou, a meu pedido PL (projeto de lei) que resolve o problema”, postou o governador.
LEONARDO AUGUSTO / Folhapress