G7 ameaça ‘custos severos’ a eventuais aliados da Rússia na Guerra da Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, publicou nesta terça-feira (18) documento em que alerta que eventuais aliados da Rússia na Guerra da Ucrânia enfrentarão “custos severos”. O aviso aparenta ser uma espécie de recado indireto para a China, aliada estratégica do país liderado por Vladimir Putin —citada, aliás, em diversos outros pontos do texto.

O comunicado foi resultado de uma reunião de dois dias entre os chefes de diplomacia dos integrantes do G7 —Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. O encontro, realizado em Karuizawa, a cerca de 150 quilômetros de Tóquio, buscava preparar terreno para a cúpula do grupo, marcada para o mês que vem em Hiroshima.

O documento ainda busca demonstrar uma frente unida das nações após um racha causado por uma declaração do presidente da França, Emmanuel Macron, considerada excessivamente pró-China.

Na semana passada, ele defendeu uma “autonomia estratégica” da Europa diante da disputa crescente entre Pequim e Washington, causando ruídos com alguns dos demais integrantes do G7, como a Alemanha e os próprios Estados Unidos.

A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, por exemplo, afirmou nesta segunda (17) que o regime liderado por Xi Jinping tentava substituir normas internacionais por “regras próprias”.

O texto de agora, ao contrário, não deixa dúvidas de que o G7 considera a China um de seus maiores desafios geopolíticos —a ponto de o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmar que nunca havia observado uma “convergência maior” no grupo no que se refere a Pequim e Taiwan.

O comunicado critica a expansão “acelerada” do arsenal nuclear chinês e expressa preocupação de que o país esteja desenvolvendo sistemas cada vez mais complexos sem transparência ou medidas de redução de risco; põe em xeque a legitimidade de sua expansão militar no Mar do Sul da China; volta a levantar suspeitas de que a nação asiática pratique espionagem industrial; e, por fim, reforça seu apoio à manutenção da autonomia de Taiwan, acrescentando que a paz e a estabilidade na região são indispensáveis para a segurança e a prosperidade global.

Isso tudo sem falar na menção aos “custos altos” a serem enfrentados por eventuais apoiadores da Rússia na Guerra da Ucrânia. A expressão ecoa uma declaração de Blinken de fevereiro, quando, ao insinuar que Pequim planejava enviar armas à Moscou no contexto do conflito, ele disse que um ato do tipo teria “graves consequências” para as relações entre os países.

A alegação, que não foi acompanhada de qualquer evidência, foi veementemente negada pelos chineses. À época, eles rebateram que era Washington, e não eles, que estava “constantemente enviando armas para o campo de batalha”.

O documento emitido nesta terça pelo G7 provocou nova reação inflamada de Pequim, que acusou os chefes de diplomacia da coalizão de interferirem em questões internas do país e de “maliciosamente caluniarem e difamarem a China”.

Em encontro regular com a imprensa, o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, ainda chamou o comunicado de arrogante e preconceituoso, e afirmou ter reportado o incômodo ao Japão.

Além das menções à China, o texto também demonstra grande alarme com a questão nuclear, assunto que deve ser prioritário na cúpula. Nesse sentido, a maior fonte preocupação é a Rússia, que ameaça há meses usar ogivas táticas do tipo no contexto do conflito com a Ucrânia.

No documento, os chefes de diplomacia pedem que o Kremlin volte a se comprometer “com palavras e ações” com a prevenção de uma guerra nuclear e a evitar uma corrida por armamentos. Também dizem ser “inaceitável” o posicionamento de armas nucleares táticas pelo governo russo na vizinha e aliada Belarus anunciado recentemente. “Qualquer uso de armas químicas, biológicas ou nucleares pela Rússia gerará consequências severas”, afirma o texto.

Outras questões da geopolítica atual também figuram no comunicado, ainda que de modo menos proeminente. Entre elas está a crise que eclodiu no Sudão nos últimos dias, causada por uma disputa de poder entre o Exército e o maior grupo paramilitar do país.

“Urgimos todos os personagens do conflito a renunciar à violência, retomar negociações e agir ativamente para reduzir tensões e garantir a segurança de todos os civis, incluindo funcionários de organizações humanitárias e diplomatas”, diz o texto.

Três funcionários do Programa Mundial de Alimentos da ONU foram mortos nos confrontos no país africano no domingo (16), e nesta segunda (17), um comboio diplomático dos EUA foi atacado.

Redação / Folhapress

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