Governo Lula muda estratégia e passa a defender CPI após demissão no GSI

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Lideranças da base do governo decidiram mudar de posição nesta quarta-feira (19) e apoiar a abertura da CPMI para investigar os ataques às sedes dos Poderes.

A nova postura dos aliados do presidente Lula foi tomada diante da crise gerada pela divulgação das imagens das câmeras do circuito interno do Palácio do Planalto –fato que causou a demissão do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias.

A avaliação de parlamentares da base do governo ouvidos pela reportagem é que deputados bolsonaristas estavam conseguindo recontar a história dos ataques, num esforço para culpar membros do governo pelos atos de vandalismo.

Somou-se a isso o entendimento de que a abertura da CPMI seria inevitável. A oposição reuniu apoio de 194 deputados e 37 senadores, e nem o esforço das lideranças do governo foi suficiente para a retirada das assinaturas ao requerimento do deputado André Fernandes (PL-CE).

Foi convocada para a próxima semana uma sessão do Congresso. Nela, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve autorizar a abertura do colegiado que investigará os atos antidemocráticos.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), confirmou no plenário do Senado a mudança de postura.

“Vamos para essa investigação e vamos com força. De investigação e comissão de inquérito, nós entendemos. Estamos com vontade de ir para lá, estamos com desejo de ter essa investigação. Se estão obstruindo por essa CPMI, ouçam bem claramente: queremos a investigação”, disse Randolfe.

Ele completou: “Não fomos os algozes do 8 de janeiro, nós somos as vítimas”.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) fez discurso alinhado a Randolfe e também defendeu a CPMI. “Nós vamos, com a CPI, reforçar ainda mais aquilo que o Ministério Público, que a Polícia Federal, que o STF, que todos nós brasileiros e brasileiras já vimos: foi sim uma tentativa de golpe frustrada, foi sim uma agressão à democracia, foi sim uma agressão à institucionalidade brasileira e à representação institucional do Brasil”, disse.

A mudança na postura do governo também considerou a nova configuração na Câmara com a formação de dois blocos partidários, que isolaram PL e PT.

Apesar de o PL ser o partido com maior número de parlamentares na Casa, a criação dos blocos suplantou o tamanho da sigla. Na prática, se instalada a CPMI, o PL terá menos cadeiras no colegiado do que os blocos –fato que pode dar maioria governista na comissão de investigação.

CÉZAR FEITOZA, VICTORIA AZEVEDO, THAÍSA OLIVEIRA E MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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