Todo brasileiro ouve desde muito cedo, e parece que tem sido assim nas últimas gerações, que nosso país é o país do futuro. Mas podem riscar essa máxima do nosso catálogo de ditados populares, amigos, pois esse futuro já chegou, e nós não vivemos aqui no território tupiniquim senão na mais avançada e tecnológica sociedade já concebida pelo homem. Enquanto as novidades tardam a disseminar-se em outras nações, mais conservadoras, aqui pega tudo muito rápido.
É claro que nosso apreço pela vanguarda do desenvolvimento já havia sido apontada pelos especialistas quando da popularização do MSN e do Orkut, e na verdade até mesmo muito antes disso, dada a velocidade com que cada família brasileira tratou de adquirir uma televisão à cores uma vez que estavam disponíveis no mercado. Do outro lado do espectro, há países que mais que conservadores, estão é realmente regredindo! Na Holanda hoje, acredite se quiser, compra-se mais bicicletas do que carro, uma realidade inimaginável e quase risível de tão arcaica para nós.
É como se nós brasileiros tivéssemos jeito pra coisa, uma disposição natural para a modernidade. Porém, ainda que a antiquada e extremamente moribunda indústria editorial tenha dado um jeito de falir por si só, junto com os jornais e a mídia tradicional como um todo, tão presos ao passado empoeirado das impressões, é revigorante ver que enfim encontramos esse respaldo, esse apreço pelo desenvolvimento, dentro do próprio governo federal.
Por mais que já há pelo menos meia década o povo brasileiro tenha demonstrado sua clara preferência pelos meios de comunicação digitais para ambas as atividades de informação e educação, ainda assim as lideranças do país insistiam em ampliar métodos já obsoletos, ao investir em universidades públicas e a fomentar subsídios culturais e editoriais – claramente indo de encontro ao desejo popular de um povo tão vanguardista.
Com o corte nas universidades públicas, tanto os já sinalizados quanto os evidentemente ainda almejados, o Brasil dá um passo duplo rumo à ponta de lança da civilização ocidental, posição que nos foi desde sempre prometida: não só é o primeiro país do mundo a fazer uma opção clara pelas novas mídias, como também dá ao planeta o exemplo de como se faz, de fato, uma democracia – não só enfim realizando esse desejo latente da população como também dando-lhe inédita amplitude e legitimidade para suas vozes.
Mais que isso, essas medidas promovem ainda uma real reforma educacional no país – de maneira nunca vista em nossa história. Esqueça os 4% de toda produção científica brasileira que são produzidos só na USP aqui em Ribeirão Preto; desatreladas do rigor metodológico que condena os veículos tradicionais não só à lentidão como a uma real sensação de aporrinhamento, são inimagináveis as possibilidades criativas com a expansão e a oficialização das redes sociais como meio de comunicação e educação do governo. No Brasil de Bolsonaro, podemos todos ser cientistas e jornalistas, da maneira com que bem entendermos. É isso, e não qualquer outra coisa, que é acesso à educação e à informação.