Falta de informação é a principal barreira para a inclusão de pessoas com autismo na sociedade

Estima-se que 70 milhões de pessoas possuem autismo no mundo, sendo duas milhões no Brasil

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Foto: PixaBay.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficits na comunicação, interação social e por comportamentos repetitivos, estereotipados e interesses restritos . Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) 1 a cada 59 crianças está dentro do disgnóstico, podendo ser ela de qualquer gênero ou etnia. Hoje estima-se que 70 milhões de pessoas possuem autismo no mundo, sendo duas milhões no Brasil.

Criado pela Organização Mundial de Saúde em 2008, no dia 2 de abril é celebrado o ‘Dia Mundial de Conscientização do Autismo’. Apesar de eles apresentarem uma limitação na comunicação, a maior barreira para construir uma sociedade igualitária em todos os âmbitos é a falta de informação para a sociedade e até para os próprios familiares. Isso, por muitas vezes, contribui para a exclusão.

“Todos precisam ter consciência que o transtorno existe. É um direito de todos estar incluído na educação, na saúde, fora e dentro de casa. Neste ponto percebemos a importância da informação e da capacitação dos pais uma vez que eles podem ser multiplicadores de conhecimento para toda a sociedade e dentro de casa podem ajudar a tornar a vida de seus filhos muito mais inclusiva”, afirma o neuropediatra Carlos Gadia, diretor do Dan Marino Center do Nicklaus Children’s Hospital na Florida (EUA) e co-fundador do TEAbraço (Semana Internacional do Autismo).

Ainda segundo ele, as informações verídicas que cercam o TEA precisam ganhar um espaço maior na sociedade uma vez que existem muitos mitos e inverdades. “Recentemente tivemos a publicação de um artigo na Annals of Internal Medicine feito por cientistas dinamarqueses que comprovou que as vacinas para caxumba, rubéola e sarampo – no Brasil é a tríplice viral – não aumentam o risco de autismo e não desencadeiam o autismo em crianças suscetíveis. Fatos como este precisam ser de conhecimento de todos”.

Grades Curriculares

Ainda segundo o neuropediatra, é necessária uma mudança de cultura e de grade curricular dentro das universidades. “Historicamente o autismo foi adicionado apenas em 1993 à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. O Brasil necessita de modificação dos currículos universitários. Neles o TEA é raramente citado durante a formação ou então nem aparece no currículo nas formações de fonoaudiologia, terapia ocupacional ou psicologia, entre outros. Isso é preocupante pois este conhecimento é crucial para um diagnóstico preciso e correto”, explica.

Inclusão 360º

Dentro do espectro todos apresentam habilidades, dificuldades e um jeito único e diferente de se relacionar com o mundo. “Há sim uma falha na comunicação, mas todos temos um jeito único de nos expressarmos com o mundo. É preciso achar a melhor maneira para cada uma dessas pessoas que possuem TEA. A inclusão 360º – aquela que acontece em todos os âmbitos sejam eles social, educacional, familiar e profissional, da infância até a vida adulta – é isto. Aceitar as diferenças e o fato de que nem todos se expressam da mesma maneira mas merecem e precisam estar encaixados neste universo.”, finaliza Carlos Gadia.

O neuropediatra participa do TEAbraço nas seguintes datas: 2 de abril a partir das 19h30 com o bate-papo “Cuidar de Quem Cuida” juntamente com a jornalista Andrea Werner; no dia 3 de abril na “Conferência Genética X Autismo” com a equipe da empresa Tismoo; no dia 4 de abril nas “Demonstrações práticas ao Vivo” onde lidera a equipe de atendimento; e no sábado 6 de abril na Palestra de Encerramento do Workshop Internacional. Toda a programação do evento acontece no Shopping Iguatemi Ribeirão Preto.