As confusões entre torcedores e policiais militares no lado externo do Estádio Santa Cruz antes da partida contra o São Caetano, na última terça-feira (5), provocaram mais um desdobramento. Atendendo a um pedido da Polícia Militar, o promotor Paulo José Freire Teotônio, que responde pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim), determinou que o torcedor Everton Luiz Zanirato seja proibido de acompanhar os jogos do Botafogo em Ribeirão Preto ou em qualquer outra cidade durante o Campeonato Paulista.
Segundo documento assinado pelo promotor, o Ministério Público determina que o torcedor passará por audiência preliminar e será submetido a prestação de serviços comunitários, em local a ser designado pelo Comando local da Polícia Militar, pelo prazo que durar o Campeonato Paulista da Série A1. O torcedor terá que se apresentar na base da Polícia Militar na avenida Av. Professor João Fiúsa duas horas antes dos jogos, permanecer prestando serviços durante a partida e até duas horas depois do apito final de todos os jogos do Botafogo.
Ofício da Polícia Militar informa que o torcedor não teria respeitado a fila e retirado um gradil para tentar entrar no estádio. “Diante dessa atitude foi advertido pelo policial militar, momento em que Everton passou a ofender verbalmente o policial militar e investiu contra ele, sendo necessário conter essa atitude”, consta no documento. Foi registrado boletim de ocorrência de tumulto.
“A Polícia Militar nos passou a seguinte mensagem de que houve tumulto, houve desacato ao agente da lei, entre outras ações. Fizemos questão de ouvir a Polícia Militar e os representantes da Fiel Força Tricolor, que a todo o momento nos prestou todo o auxílio e fez tudo que foi possível para a identificação do torcedor e isso colaborou para que não houvesse uma punição para a própria torcida”, afirmou o promotor, que reforça que esta foi uma medida de ponto de vista criminal e não foi a primeira vez que foi adotada na cidade. “Em um Come-Fogo, ocorrido há sete anos, um torcedor partiu para cima de policiais militares com uma criança no colo e esse torcedor foi obrigado a prestar um ano de serviços comunitários.”
Juninho Fernandez, presidente da Fiel Força Tricolor, prestou solidariedade ao amigo e garante que a organizada seguirá colaborando com as autoridades. “Lamentamos tudo o que aconteceu antes da partida. Primeiro porque o Everton é um amigo da gente, pessoa de bem, mas também por qualquer coisa de ruim que possa ter acontecido. A torcida já estava postada nas arquibancadas e foi um fato isolado que aconteceu próximo às catracas. Não se tratou de uma briga de torcida, por isso nós nos colocamos à disposição e tenho certeza que este assunto será resolvido da melhor forma”, disse Fernandez.
Everton Zanirato preferiu não conceder entrevistas sobre o assunto, porém se manifestou em comunicado afirmando que responderá ao procedimento iniciado assim que o Poder Judiciário determinar e de que não há decisão do Juízo. “Assim, após intimação, responderei na Justiça, de forma privada pelos meus atos”, diz o comunicado.
Enquanto a audiência não for realizada, o torcedor do Botafogo poderá continuar frequentando os estádios. A punição pedida pelo Ministério Público terá que ser ainda ratificada pelo juiz durante este encontro.
Ainda sobre o jogo contra o São Caetano, torcedores reclamaram de ações de policiais militares, que teriam causado, na visão destes torcedores, todo o tumulto na área externa do Santa Cruz. A PM rebateu as acusações e solicitou que os torcedores que se sentiram ofendidos ou prejudicados procurem a corporação para prestar queixa formal.