SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O entorno da cracolândia e a vizinhança da avenida Paulista lideram a alta de furtos do centro de São Paulo no primeiro bimestre deste ano. A região da via também está no topo do ranking dos locais com mais roubos, ao lado da área do 1º distrito policial, que engloba praça da Sé e Liberdade.
A Folha de S.Paulo analisou os dados dos boletins de ocorrência das dez delegacias que fazem parte da 1ª Delegacia Seccional do Centro, responsável pela área. A comparação é entre os números de janeiro e fevereiro de 2023 com o mesmo período do ano passado.
Moradores do centro de São Paulo mudaram a rotina diante da alta da violência desde o início do ano. Dados oficiais sustentam essa sensação de insegurança, com aumento de 35,7% nos furtos e 18,5% nos roubos no primeiro bimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em comum, as áreas mais perigosas têm concentração de pedestres e, por isso, são alvos da gangue da bicicleta, assaltantes que agem em grupo para furtar celulares.
Uma das delegacias que atendem a região da avenida Paulista, o 4º distrito policial (Consolação), teve a maior alta de furtos da região central, 85% mais de ocorrências do que no mesmo período de 2022. De 898 casos saltou para 1.600.
O mesmo tipo de crime praticamente dobrou na delegacia que atende a região da cracolândia. O 3º distrito policial (Campos Elíseos) teve 14 mil furtos nos dois primeiros meses de 2022 e 2.400 neste início de ano, um crescimento de 72%.
Em relação aos roubos, a tendência de aumento se mantém, embora em ritmo menor. O 1º distrito policial (Liberdade), que atende a praça da Sé, teve 63,6% mais registros de boletins de ocorrência, o que representa cerca de 400 casos a mais em comparação com o início de 2022.
Questionada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que ampliou a presença policial na região central, com o reforço de 120 PMs e 50 policiais civis. Ainda segundo a pasta, “entre os dias 3 e 9 de abril 43 pessoas foram presas em flagrante, sendo destes 18 por furto e 8 por roubo”.
Para Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os números mostram um aumento dos roubos, apesar dos furtos aparecerem em maior volume. “Antes, havia o dobro de furtos em relação aos roubos e essa diferença tem diminuído”, diz.
Isso é explicado, segundo o pesquisador, pelo uso mais recorrente de armas nas abordagens de assaltantes a pedestres no centro. “Os ladrões estão mais violentos e apelando para armas brancas em maior parte”, diz.
Diante do aumento do índice de criminalidade na região central, a prefeitura instalou grades em volta de canteiros na praça da Sé. O 1º distrito policial registrou no primeiro bimestre do ano a maior quantidade de roubos da série histórica, iniciada em 2002.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress