BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o general da reserva Gonçalves Dias deixou a sede da Polícia Federal nesta sexta-feira (21) após prestar depoimento de cerca 4 horas e 30 minutos no âmbito do inquérito que investiga o ataque às sedes dos Poderes em 8 de janeiro.
O general chegou ao prédio da PF por volta de 9h, acompanhado de um motorista e outras duas pessoas, pelo portão dos fundos. Ele deixou o local por volta de 13h30, sem falar com a imprensa.
O depoimento foi tomado após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinar na quinta-feira (20) que Dias prestasse esclarecimentos sobre a atuação do GSI durante a invasão ao Palácio do Planalto em até 48 horas.
A decisão foi dada um dia depois de Gonçalves Dias ter sido demitido do governo na esteira da crise causada pela divulgação dos vídeos do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto. Foi a primeira demissão no alto escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A crise que levou à saída do chefe do GSI teve como estopim a divulgação, pela CNN Brasil, de imagens do circuito interno da segurança durante a invasão da sede da Presidência da República que mostram uma ação colaborativa de agentes com golpistas e a presença de Gonçalves Dias no local.
O destino do general foi selado em meio à recusa de divulgar imagens da invasão ao Planalto.
Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, o governo divulgou vídeos editados, em particular com trechos que evidenciavam que os militantes eram aliados de Bolsonaro. No entanto, recusou um pedido da Folha de S.Paulo, via Lei de Acesso à Informação, para divulgar a íntegra das gravações.
Segundo as imagens da invasão ao Planalto, os golpistas receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. Nos vídeos, o próprio general Gonçalves Dias circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.
Na decisão em que determinou a tomada do depoimento, Moraes classifica as imagens como “gravíssimas” e disse que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, “inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.
A queda do comandante do GSI deve tornar inevitável a criação de uma CPI no Congresso sobre os atos golpistas, que já vinha sendo cobrada pela oposição sob resistência da gestão Lula, que agora deverá mudar de estratégia.
CÉZAR FEITOZA / Folhapress