BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem o foro privilegiado que o protegeu de ser chamado durante a CPI da Covid, em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode virar um dos alvos da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro.
Bolsonaro passou o mandato protegido de convocações a CPIs devido ao artigo 50 da Constituição, que diz que o Parlamento pode convocar ministros ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência, excluindo assim o presidente.
Agora, deputados e senadores do PT querem que Bolsonaro seja ouvido pelo colegiado que vai investigar a intentona antidemocrática. No entanto, alguns alertam para a importância de acertar politicamente no momento de chamá-lo.
“Com certeza o ex-presidente Bolsonaro terá de depor na CPMI. Afinal, é o principal mandante da tentativa de golpe após a derrota eleitoral da ultradireita no Brasil”, afirma o deputado Rogério Correia (PT-MG).
Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que a prioridade deve ser Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, preso há três meses por suspeita de omissão nos ataques. O deputado federal diz que é preciso ter atenção ao chamar Bolsonaro para que sua participação não se transforme em palanque.
O senador Humberto Costa (PT-PE), um dos participantes da CPI da Covid, diz considerar muito difícil que Bolsonaro não seja chamado.
“Tenho a impressão de que todo mundo que a Polícia Federal chamou para falar foi por alguma razão. O Bolsonaro foi chamado para falar sobre o 8 de janeiro. É natural que venha para a CPI também. Mas tem que haver uma avaliação adequada sobre o momento de fazer essa chamada ou convocação”, afirma o ex-ministro da Saúde.
Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, parlamentares lulistas também têm falado em tomar depoimento do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente que tem sido figura de referência das estratégias virtuais bolsonaristas nos últimos anos.
DANIELLE BRANT E GUILHERME SETO / Folhapress