De olho na Casa Branca, Ron DeSantis se encontra com premiê do Japão e vai a Israel

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Principal possível concorrente de Donald Trump a candidato republicano à Casa Branca em 2024, Ron DeSantis, governador da Flórida, deu início a um giro internacional que o leva a importantes aliados dos EUA: Japão, Coreia do Sul, Israel e Reino Unido.

A viagem tem como argumento oficial criar oportunidades de fortalecimento dos laços econômicas, “para demonstrar a posição da Flórida como líder na área”, nas palavras do governador, que partiu com a esposa e os secretários de Estado e de Comércio da Flórida.

Mas o pano de fundo desse giro no qual DeSantis tem sido recebido por altas autoridades –o premiê japonês, Fumio Kishida, por exemplo, esteve com ele em Tóquio nesta segunda (24)– é muito maior.

Trata-se, afinal, da primeira encenação de uma possível política externa que o republicano defenderá se, de fato, for lançado candidato por seu partido à Presidência. E também ocorre em um momento de certas dificuldades, quando DeSantis é alvo de críticas em seu estado e vê o nome de Trump ganhar força entre algumas alas do partido.

O republicano tem sido alvo de críticas segundo as quais estaria dando pouca atenção às tempestades severas que atingiram a cidade de Fort Lauderdale e áreas vizinhas na última semana e foram classificadas como um evento extremo que ocorre uma vez a cada mil anos.

Em meio à forte inundação, que agora abriu uma crise de acesso a combustível no local, DeSantis teve agendas no estado de Ohio –onde foi lançar seu livro “The Courage to Be Free: Florida’s Blueprint for America’s Revival” (a coragem para ser livre: o plano da Flórida para o renascimento da América”)– e foi a um evento de arrecadação de dinheiro para o Partido Republicano em New Hampshire.

DeSantis não formalizou oficialmente sua candidatura à Casa Branca, e é incerto quando o fará, mas a turnê de lançamento de seu livro, no qual ele ataca o que chama de elite política de esquerda e defende suas medidas negacionistas durante a pandemia de Covid, entre outras coisas, tem sido vista como uma ação para preparar o terreno.

A campanha de Trump, aliás, recentemente acusou o governador da Flórida de, enquanto não declara oficialmente sua corrida pela Presidência, usar seu salário de governador para financiar viagens não oficiais que visam as eleições nacionais.

Até aqui, DeSantis se tornou mais conhecido pelas chamadas guerras culturais que trava, um movimento que vai desde cercear conteúdos aos quais estudantes poderão ter acesso em sala de aula até sancionar uma lei para reduzir o direito ao aborto no estado que comanda.

Com o giro internacional –sua primeira viagem oficial ao exterior desde 2019, quando estava no primeiro mandato–, o republicano quer divulgar outra de suas faces: a de alguém que tem planos para política externa, área na qual ele ainda é uma espécie de enigma.

No Japão, ao lado do premiê Kishida, DeSantis elogiou a ampliação das capacidades militares japonesas, um movimento recente que rompeu com a tradição pacifista do país. “Entendemos que se trata de uma vizinhança difícil [referindo-se à China e à Coreia do Norte]. Acreditamos que um Japão forte é bom para os EUA.”

Depois, o republicano parte para a Coreia do Sul, outra importante aliada americana. Mas o ponto mais sensível de sua viagem vem na sequência, quando o governador vai para Israel, onde o governo de Binyamin Netanyahu assistiu a rusgas na relação com Washington devido à sua controversa reforma judicial que semanalmente, desde o início deste ano, tem levado milhares a protestarem no país.

De acordo com o The Times of Israel, o governador afirma em seu livro ter sido uma peça-chave para a decisão de Donald Trump de transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém em 2018. Ele também já descreveu a Cisjordânia como um território “em disputa” –e não ocupado– e disse que seria “o governador mais pró-Israel” dos EUA.

O comunicado do governo da Flórida diz apenas que, em Israel, DeSantis participará de um evento sobre o aniversário de 75 anos do país e terá encontros com líderes do governo e de empresas, sem especificar quais seriam as autoridades e se o premiê estaria na lista.

Por último, DeSantis parte para Londres, onde se encontra, entre outros, com o chanceler James Cleverly. A viagem está sendo paga pela Enterprise Florida, agência público-privada de incentivo econômico.

Redação / Folhapress

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