SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com o objetivo de chamar a atenção e conscientizar as pessoas sobre os diversos tipos de agressões racistas praticadas no varejo, foi criada a campanha “Notas do Respeito” pela agência de publicidade Grey Brasil, como parte do programa ‘Racismo Zero’, desenvolvido pela Universidade Zumbi dos Palmares.
O intuito é convidar empresas a aderirem ao programa, que pretende combater o racismo nos espaços de consumo por meio de denúncias e treinamento de colaboradores, concedendo um selo de “empresa antirracista” àquelas que zerarem os casos em seus estabelecimentos, que vão de perseguição a clientes por parte de equipes de segurança a falsa acusação de furto.
A campanha se divide em duas partes. Na primeira, serão afixados cartazes em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília com notas fiscais coletadas entre pessoas que já sofreram esse tipo de violência, explicando o motivo de elas carregarem o documento para comprovar que são donas de algum objeto.
“Quando estava saindo da loja, um segurança botou a mão no meu peito e pediu a nota fiscal da bike que tinha comprado. Como negro me senti humilhado”, diz um dos relatos.
“Ser obrigado a mostrar a nota do que é seu para provar que é seu é um dos atos de racismo que acontecem no comércio. Mas agora, a própria nota é um jeito de lutar contra ele”, emenda o texto impresso no comprovante.
A segunda etapa da campanha vai convidar os estabelecimentos comerciais a fazerem parte do programa, por meio de uma ferramenta que transforma a nota fiscal, símbolo deste tipo de racismo, em um canal de protesto e denúncia.
As empresas podem baixar gratuitamente o software para ser utilizado em impressoras de notas fiscais. Ele funciona como qualquer outro de notas fiscais, mas traz um QR code em forma de punho cerrado, símbolo da resistência negra, que direciona consumidores a um portal de pronto atendimento, onde é possível fazer denúncias e encontrar assessoria jurídica e emocional.
As notas impressas pelo software trarão histórias reais de cidadãos negros que enfrentaram situações de racismo no seu dia a dia, tendo que provar que não furtaram ou roubaram algo que era deles.
HAVOLENE VALINHOS / Folhapress