LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Chico Buarque recebeu o prêmio Camões nesta segunda-feira (24) pelas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, numa cerimônia em Lisboa.
Logo no começo do seu discurso, após agradecer à esposa, a jurista Carol Proner, Chico falou que estava emocionado porque sua mulher “saiu do hotel, atravessou a avenida e foi comprar essa gravata para mim”. A fala arrancou gargalhadas da plateia, inclusive da primeira-dama Janja e de Lula.
Na última sexta-feira (21), Janja foi vista comprando uma gravata para o presidente na grife italiana Ermenegildo Zegna.
Vencedor do Camões em 2019, Chico Buarque ainda não havia recebido a láurea porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusou a assinar o diploma do prêmio.
Em seu discurso, o cantor e compositor disse satisfeito com a ausência do nome de Bolsonaro no documento.
“Reconforta-me que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o meu prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para o nosso presidente Lula”, afirmou.
Chico recebeu o prêmio das mãos de Lula e do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. A cerimônia teve ainda a presença do primeiro-ministro luso, António Costa, e de várias personalidades da política e da cultura dos dois países.
“Hoje, para mim é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”, disse Lula.
Oficializado em 1988, o prêmio Camões foi idealizado para destacar autores em língua portuguesa. Tradicionalmente, há uma alternância entre a origem dos vencedores a cada ano, contemplando brasileiros, portugueses e cidadãos da África lusófona.
O vencedor recebe 100 mil, cerca de R$ 540 mil, valor pago em conjunto pelo governo português e pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura. Chico recebeu o dinheiro na época em que foi anunciado como vencedor, mesmo com o imbróglio envolvendo Bolsonaro.
A escolha do campeão é feita dois jurados brasileiros, dois portugueses e dois escolhidos por outros países lusófonos, como Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
De 33 vencedores, 14 são escritores brasileiros. Entre eles estão nomes como Jorge Amado, Rubem Fonseca e Lygia Fagundes Telles.
GIULIANA MIRANDA / Folhapress