SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O restaurante Jaguar encerrou as atividades de vez, depois de abrir e fechar as portas de forma temporária nos últimos três anos por causa da pandemia e de problemas financeiros.
Agora, o motivo, segundo o proprietário do local, Fabio Schaberle, foi a insegurança, que aumentou com a chegada de usuários de drogas da cracolândia no bairro de Campos Elíseos.
Ações de dispersão de usuários do entorno da praça Princesa Isabel, na região central, começaram em maio de 2022, feitas pela Prefeitura de São Paulo e pela Polícia Civil.
As operações afugentaram clientes do restaurante, o que fez com que o movimento e o faturamento caíssem. Em junho do ano passado, o restaurante chegou a ficar fechado por alguns meses por causa das ações. Naquele mesmo mês, um usuário de drogas foi morto na calçada do Jaguar, durante uma briga.
“As pessoas começaram a deixar de vir. Durante a semana, tinha dia que a gente atendia quatro pessoas. A imagem de confronto, assalto e sujeira ficou na cabeça das pessoas”, diz Schaberle.
O restaurante foi aberto em 2018 no térreo do antigo hotel Jaguar, endereço tradicional do Centro que foi reformado para dar lugar a uma residência estudantil. A especialidade do menu eram as milanesas. A casa abria para o almoço e, à noite, servia drinques e beliscos.
O negócio, entretanto, já enfrentava problemas financeiros. Em abril de 2021, durante a pandemia de Covid, o proprietário abriu uma vaquinha para tentar arrecadar R$ 100 mil, driblar a crise e se manter de pé.
“A gente começou a acumular muitas dívidas nesse tempo”, diz Schaberle. “As coisas só pioraram, porque o movimento que existia era muito pequeno e não pagava salários, aluguel ou insumos. Organizei as ideias e cheguei à conclusão que a melhor coisa a fazer era fechar.” Além disso, o proprietário do imóvel pediu o ponto de volta em janeiro deste ano.
Uma das dívidas, segundo Schaberle, é a rescisão dos cinco funcionários demitidos. A solução encontrada por ele foi fazer uma nova vaquinha, desta vez para angariar R$ 30 mil, valor das rescisões. É possível contribuir enviando qualquer valor por Pix, pela chave (11) 98589-9521.
O salão que abrigava o restaurante, na esquina da avenida Duque de Caxias e da alameda Barão de Limeira, está vazio. Todos os móveis foram removidos no final de fevereiro. Da decoração no estilo kitsch, sobrou apenas o cor-de-rosa nas paredes.
Schaberle diz que pretende retomar o Jaguar, em outro endereço, com a ajuda de sócios. Por enquanto, ele tem planos “para não deixar o nome do Jaguar no esquecimento”, como assumir a cozinha de bares ou vender pratos congelados. Qualquer novidade será divulgada pelo Instagram.
NATHALIA DURVAL / Folhapress