O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo inaugura, no próximo dia 29 de abril, a exposição individual Alicerce do artista indígena Andrey Guaianá Zignnatto.
Será apresentado ao público um total de 10 trabalhos produzidos em diversas plataformas e técnicas (vídeo, objeto, instalação, serigrafia, pintura).
O conjunto de trabalhos expostos propõe uma revisão sobre o processo de desenvolvimento dos movimentos modernistas e contemporâneos da história da arte brasileira.
Zignnatto identifica uma constante apropriação de elementos das culturas indígenas por parte dos artistas na produção de seus trabalhos, que dele excluíram, no entanto, os povos indígenas, o que Zignnatto chama de “processo de grilagem cultural”.
As obras da exposição ‘Alicerce’, no Museu Afro Brasil
A mostra conta com a curadoria do próprio artista e tem como destaque a instalação de mesmo nome, Alicerce, a maior já produzida por Zignnatto – uma casa pré-moldada de concreto, apoiada sobre um conjunto de dezenas de grandes vasos cerâmicos indígenas.
Outro trabalho de destaque da mostra é o conjunto de 5 pinturas denominado Espelho dos Juruás. Nele, o artista retrata, em cada tela, sua boca, num gesto que apresenta sua arcada dentária, semelhante à forma por meio da qual escravos pretos e indígenas eram avaliados por seus colonizadores.
No dia da abertura, será realizada uma conversa entre o artista e Luiz Canê Mingué, o Kenké [chefe] do povo Dofurêm Guaianá, povo originário da cidade de São Paulo. A conversa será aberta ao público interessado, às 14h, e gratuita.
As obras da produção artística de Andrey Guaianá Zignnatto são consideradas pelo próprio artista uma forma de buscar o equilíbrio entre as muitas e diferentes forças dos universos urbanos e dos povos originários, de sua vida em ambientes urbanos, inclusive de sua experiência na juventude como pedreiro, com a ancestralidade indígena de sua família.
Data e horário: 29/04, às 13h – Entrada gratuita
Mais informações em: museuafrobrasil.org.br/
Sobre Andrey Guaianá Zignnatto
Andrey Guaianá Zignnatto é artista autodidata, professor de artes visuais e ativista de projetos sociais. Trabalhou como ajudante de pedreiro dos 10 aos 14 anos de idade. Indígena das etnias Dofurêm Guaianá e Guarani M’bya. Estas memórias afetivas e ancestrais são a base para o desenvolvimento conceitual e dos métodos usados na sua produção artística.
Participou de exposições, entre individuais e coletivas, em museus, centros culturais e galerias de arte no Brasil, Estados Unidos, Emirados Árabes, França, Colômbia, Inglaterra, Itália, Peru e Argentina.
Desde 2002, realiza oficinas de arte para projetos humanitários.
Contemplado com:
- 2 prêmios do Ministério da Cultura, sendo 1 pela Funarte e 1 pelo IPHAN (2014 e 2015);
- 5 prêmios da Secretaria de Estado da Cultura de SP pelo PROAC (2014, 2015, 2017, 2021, e 2022);
- prêmio do 18º Festival Cultura Inglesa, e indicado para o prêmio Jameel Art Prize do Victória & Albert Museum da Inglaterra (2017).
Possui obras em acervos importantes de instituições públicas e privadas, como Perez Art Museum Miami – EUA, Bunker Artspace – EUA, Museu de Arte do Rio – Brasil, coleção Diane Solomon – EUA, coleção Alfredo Setúbal [CEO Itaúsa] – Brasil, coleção família Marsano – Peru, coleção família Marinho – Brasil, entre outras.