Com novo déficit, fundo de pensão da Petrobras é alvo de protestos de aposentados

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Aposentados da Petrobras promovem uma manifestação nesta quinta-feira (27) em protesto contra os elevados descontos em seus vencimentos para cobrir rombos nos fundos de pensão administrados pela fundação Petros.

Em 2022, a fundação teve novo déficit, de R$ 1,2 bilhão, e já estuda cobrar nova contribuição extraordinária de participantes de seu plano mais antigo. Apesar disso, aprovou pagamento de R$ 9,3 milhões em bônus a seus diretores.

Neste mês, participantes da Petros começaram a pagar mais um plano de equacionamento, referente ao déficit de 2021. Em alguns casos, o desconto acumulado supera os 30% do vencimento mensal, segundo aposentados ouvidos pela Folha de S.Paulo.

Participantes de planos mais antigos da Petros já pagam contribuições extraordinárias há cinco anos por déficits registrados desde 2015.

“O ato é um grito de basta para a direção da Petros e da Petrobras sobre o avanço do plano de equacionamento sobre a renda dos aposentados”, diz a convocação da manifestação, que ocorrerá em frente à sede da estatal.

Os aposentados afirmam que a empresa prejudicou os pensionistas com investimentos em negócios deficitários por pressão do governo -como, por exemplo, a Sete Brasil, empresa de sondas de perfuração criada no governo Dilma Rousseff que naufragou antes de operar sua primeira unidade.

Os planos de equacionamento de déficit de fundos de pensão têm uma contribuição da empresa patrocinadora dos fundos, equivalente à metade do valor a ser coberto, mas os petroleiros reclamam que a Petrobras deveria ter contribuição maior, já que definiu os investimentos.

“A gestão sempre foi da Petrobras, ela que botou os diretores e o conselho”, reclama Altanir Tavares, aposentado em 2018 após 37 anos na empresa, que tem um desconto de cerca de R$ 2.800 em seu contracheque.

A indignação dos aposentados aumentou com a aprovação de bônus de R$ 9,3 milhões para a diretoria da empresa pelo desempenho de 2022. “Como pagar bônus se não atingiu a meta?”, questiona Silvio Sinedino, que já foi membro do conselho de administração da estatal.

A Petros diz que o programa de remuneração variável de executivos existe desde 2005 e é “uma prática de retenção comum em organizações de grande porte e outros fundos de pensão”.

Completa que foi aprovado pelo conselho deliberativo seguindo as normas de governança e “está atrelado ao atingimento de metas estratégicas como melhorias de governança, controles, riscos, investimentos, entre outras”.

Sobre os resultados de 2022, afirma a fundação, alguns planos tiveram rentabilidade abaixo do objetivo “em razão da conjuntura econômica que afetou principalmente a nossa carteira de renda fixa, que até meados do ano passado era composta majoritariamente por títulos públicos marcados a mercado e que sofrem com a volatilidade diária”.

“Dos 39 planos que a Petros administra, o PPSP-NR é o único que demandará um estudo para avaliar a necessidade de aplicação de plano de equacionamento decorrente do exercício de 2022, seguindo a legislação”, continua a Petros.

A fundação diz que vem adotando uma estratégia de imunização de carteiras, com a compra de títulos públicos com taxas superiores à meta atuarial e vencimentos adequados às necessidades dos planos, estratégia que teria começado a demonstrar resultados em 2022.

“A estratégia de imunização avançou de 5% para 50% ao longo do ano passado. Em 2023, já passamos de 60% de imunização e temos como objetivo concluir esse processo, imunizando 80% da carteira dos nossos planos de benefício definido, praticamente eliminando, assim, os riscos de novos déficits e aumentando significativamente a possibilidade de superávits futuros”.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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