SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Rayssa Leal se acostumou a levantar troféus e agora conta com um espaço 100% personalizado para treinar para competições e se divertir com irmãos e amigos: uma pista de skate.
Localizada no quintal de sua casa em Imperatriz, no Maranhão, a pista foi um presente à medalhista olímpica pelo aniversário de 15 anos.
Foi lá que Rayssa fez parte de sua preparação para a etapa de Chicago do Street League (SLS). A última semana de treinos foi feita em Las Vegas e a “Fadinha” compete, neste sábado (29), a partir das 14h (de Brasília), na primeira etapa do principal circuito da temporada do skate street.
“Papai Noel passou mais tarde. A gente se inspirou em algumas pistas dos Estados Unidos. Separamos algumas que são divertidas de andar e que desse para treinar também. A gente criou esse projeto se baseando nisso, para treinar para os Jogos [Olímpicos], para o Street League [SLS]”, disse a skatista.
E pode ser que apareça alguma manobra inédita logo na primeira etapa do SLS: “Penso em jogar algumas manobras novas. Joguei uma na minha pista esses dias e queria ter a chance de mandar ela nesse campeonato. Eu espero que dê, porque é uma pista nova, com alguns obstáculos que não é todo campeonato que tem”, contou.
Rayssa preferiu manter em segredo qual a manobra que ela vem treinando.
VAI PARA O PARK?
Multicampeã pelo street, Rayssa revelou o desejo de competir também no park. Tanto que ela aproveita a sua pista para arriscar algumas manobras do park.
No street, os skatistas fazem manobras em obstáculos como corrimões, caixões, enquanto no park, elas são realizadas no bowl (“piscinão”).
“Se tivesse um bowl lá em Imperatriz, talvez eu andasse nos dois, seria overall. Dá para tentar algumas manobras do park lá na pista, aí a gente fica tentando”, disse Rayssa.
Segundo ela, o que falta atualmente é tempo para se dedicar às duas categorias: “Eu tenho [vontade], só que é muito corrido. Quem sabe um dia posso correr algum campeonato no park. Seria bem legal”.
ADEUS, FADINHA?
Rayssa apareceu para o mundo do skate com 7 anos e roupa de fada. Oito anos mais tarde, ela não quer mais saber da fantasia azul e admite que “tudo mudou”.
“A única coisa que não mudou foi o meu sentido para andar de skate, que é sempre me divertir, mas as marcas mudaram, o meu skate mudou, o meu tamanho, a minha força. O vento não me carrega mais, não muito, a minha mente mudou também”, afirma.
Mesmo assim, ela não se vê como uma referência no skate: “A minha ficha não caiu ainda. Às vezes, me bate vergonha de ver os melhores do mundo andando na mesma pista que eu. Não caiu muito a ficha, mas acho que, conforme vou ficando mais velha, vai caindo mais”.
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O QUE MAIS DISSE RAYSSA LEAL
Mudanças no SLS
“Está muito bom. Esse novo formato vai me ajudar bastante, porque não precisa necessariamente pontuar a linha, só as quatro melhores notas. Talvez seja um pouco mais difícil, mas acho que para mim vai ser bom”.
Metas para 2023
“Quero começar a fazer o meu vídeo parte (vídeo em que o skatista faz na rua, com as suas melhores manobras), meu vídeo na rua. É um dos meus principais objetivos para esse ano. Conseguir algumas manobras novas também, treinar bastante, me divertir e poder conhecer alguns lugares com o meu irmão e andar de skate com ele”.
Nível do skate feminino
“É muito legal ver o nível do skate feminino aumentando. Todo campeonato está sendo bom de competir por causa disso, com as meninas mandando manobras do nosso nível [brasileiras], então eu fico muito feliz mesmo. E esse campeonato não vai ser diferente, vai ser com nível alto”.
Indicação do Prêmio Laureus: “Foi bem engraçado, porque a gente estava em Paris para o desfile da Louis Vuitton e me falaram que eu tinha sido indicada para um dos maiores prêmios do esporte, e a gente ficou super feliz. Vai ser a minha segunda vez, e lá eu pude conhecer vários atletas que eu admiro muito, como o Lewis Hamilton. Acho que vai ser super legal”.
CARLONA ALBERTI / Folhapress