SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Este foi o ano dos machos no horóscopo peculiar do Met Gala. E não porque o homenageado da noite, o estilista alemão Karl Lagerfeld (1933-2019), era um homem, e não um tema abstrato, como costuma acontecer.
Apesar de muitas mulheres muito lindas e bem-vestidas, além de algumas bem pouco vestidas, darem o tom chique da noite, foram os homens que mostraram que a alta costura também pode ter humor. Ainda mais se você tiver um bom esqueleto, de preferência coberto por uma pele cheia de colágeno, para servir de cabide.
Lagerfeld até criou roupas masculinas, mas não foram essas peças que fizeram dele um superstar da moda. Lagerfeld virou Lagerfeld, ou melhor, o “kaiser”, como era chamado, quando praticamente ressuscitou a maison Chanel nos anos 1980, casa que andava meio em baixa desde a morte de sua criadora em 1971.
E depois foi a própria figura exótica dele, sempre de preto e branco, com roupas elegantes e bem cortadas -o mínimo que se pode esperar de um estilista de alta costura-, combinadas a acessórios que quebravam a sisudez dos looks que tomou os holofotes. Colares de pérolas negras, luvas de couro com as pontas dos dedos de fora, gravatas de seda largas e os onipresentes óculos escuros.
Mais tarde, foi seu estilo de vida, luxuoso, opulento e sem vergonha que acabaram tomando a frente de sua fama. Tanto que a gata sagrada da Birmânia Choupette, toda branca, peluda e de olhos muito azuis, que ele adotou em 2009 e levava em suas viagens internacionais em jatinhos particulares, sempre no colo, é ela mesma uma celebridade.
Ainda viva, Choupette ganhou uma pequena fortuna com a morte de seu tutor, para garantir que continuaria sendo devidamente mimada. Criada a atum e leite, a gata hoje é uma senhorinha de 13 anos, já com os pelos mais amarelados e não tão exuberante quanto há cinco anos ou mais. Mas ainda vive uma vida de influencer, com contas de Twitter e Instagram cuidadas por seu agente, Lucas Bérullier.
E pelo menos duas versões de looks masculinos inspirados em Choupette foram alguns dos pontos altos deste Met Gala. O ator Jared Leto, sempre um bom nome para ficar de olho nessas ocasiões, chegou à escadaria do museu com uma fantasia de Choupette.
Como um personagem do “furry fandom”, Jared Leto estava realmente invisível dentro de uma roupa de gato branco. Teve que tirar a cabeça para revelar quem ele era. Depois, se livrou do figurino da chegada para revelar um look incrível, todo preto com detalhes brilhantes e uma capa por cima, além de uma luva como a usada por Lagerfeld, o olho muito maquiado e o cabelo desarrumadinho, que também foi tendência, com as pontas loiras.
Lil Nas X, o rapper norte-americano que faz da polêmica seu arroz com feijão, estava praticamente nu, com uma tanga fio dental e uma bota plataforma, tudo prateado, assim como o seu corpo, coberto de tinta e cristais Swarovski. O rosto estava coberto por uma máscara de cristais que vinha até o colo e, nas mãos, garras prateadas e brilhantes nas unhas.
Sempre performático, passou miando pelas câmeras que mostravam os convidados desta festa misteriosa, em que o público só descobre quem vai estar, e com que roupa, quando chegam e sobem as escadarias do museu Metropolitan de Nova York. O resto fica na imaginação, não há cobertura do que acontece dentro da festa. Ninguém pode levar celular, o que acontece no Met Gala fica no Met Gala.
O ator chileno Pedro Pascal, o latin lover do momento, mostrou do que um tanto de vermelho e outro tanto de pele à mostra são capazes quando bem combinados. De bermuda e coturnos pretos, camisa e sobretudo vermelhos, Pascal esfregou na cara de todo mundo o quanto ele sabe que é o cara do momento.
A$AP Rocky, o marido de Rihanna, optou por um look mais simplinho, da cintura para cima alta costura, da cintura para baixo tênis e jeans. O jeans estava enfeitado de cristais, é verdade, mas a surpresa era a saia xadrez que usava por cima da calça e que fazia um contraste e ao mesmo um complemento especial ao look todo branco da mulher.
Foi de branco, também, na verdade um off-white, que o cantor porto-riquenho Bad Bunny fincou de vez uma bandeira com seu nome no mundo das celebridades inevitáveis da lista AAA, apesar deste já ser o segundo ano em que é convidado para o evento. Com terno de tweed de corte clássico, camisa e gravatas também brancas feitas sob medida pela grife Jacquemus, brincos de pérolas e até as unhas pintadas de um esmalte estilo “misturinha”, o músico carregava uma capa de rosas de oito metros de comprimento.
Com o cabelo todo penteado para trás, exibiu o rosto másculo, de traços fortes que costuma esconder por baixo de cabelos sempre volumosos e muitas vezes cheio de adornos. Mas foi quando virava de costas que mostrava, afinal, a que veio. O terno deixava toda a parte de trás, da cintura para cima, à mostra, apenas com uma tirinha brilhante que ajudava a segurar a capa gigantesca.
E ainda teve o príncipe encantado, Bill Nighy, o ator britânico de 73 anos com quem Anna Wintour, a dona da coisa toda, que tem a mesma idade que ele, andava sendo vista entre Nova York, onde ela mora, e Londres, onde ele mora. Os dois chegaram como um casal, pela primeira vez, e assumiram definitivamente o romance que até então era uma fofoca de bastidor.
TETÉ RIBEIRO / Folhapress