SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador Angenor Tupinambá ainda está dando o que falar. O estudante de Engenharia Agronômica na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), ganhou repercussão nacional nos últimos dias. Em seu perfil no Instagram, o jovem compartilhava imagens com sua capivara, Filó, contribuindo para criar junto aos internautas uma visão romantizada da relação entre eles.
“Queria mostrar um pouco da rotina e da cultura dos ribeirinhos, e o pessoal não fazia ideia de como é morar em um flutuante em cima do rio”, disse ele em entrevista à Folha de S.Paulo em fevereiro. “Eu mostro que a gente pode ser muito feliz com pouco, só precisamos aproveitar as oportunidades e sempre respeitar a natureza”.
Agenor explicou que Filó foi um presente de seu primo, que a resgatou de um momento tenso. “A história dela é triste. Os índios caçam ali na região para se alimentar e acabaram atingindo a mãe dela. Por não saberem que ela estava grávida, a Filó acabou nascendo forçada. Ela sobreviveu e os índios a entregaram ao meu primo, que me presenteou depois.”
Em 18 de abril, Agenor foi notificado pelo Ibama após denúncias de abuso, maus-tratos e exploração animal. Por causa disso, ele foi multado em R$ 17 mil. Também foi obrigado a apagar todos os vídeos que havia publicado com Filó. No dia 27 de abril, Filó foi entregue ao Ibama. Mas no sábado, 29 de abril, a Justiça Federal determinou a devolução ao influencer, que pegou a capivara de volta no domingo, 30 de abril.
O influenciador viralizou e está famoso -e a capivara também. Com mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, ele tem um link em sua bio no Instagram para parcerias e destaques de suas entrevistas. Lembrando que em novembro de 2022, o jovem tinha apenas 10 mil seguidores em seu perfil.
Após a decisão judicial, o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) Roberto Cabral publicou em suas redes sociais uma crítica ao feito. “Não se trata de uma discussão apenas sobre uma capivara. Outra capivara teria morrido, duas preguiças, sendo que uma morreu, duas jibóias, uma paca, uma arara, dois papagaios, uma coruja, uma aranha… ou seja, uma série de animais que foram explorados de forma ilegal para se conseguir likes (curtidas, engajamento) na internet. Isso é proibido no Brasil. Tanto o cativeiro, quanto a exploração desses animais, principalmente porque eles não têm origem legal”, explicou o agente do Ibama.
DUDA FREITAS / Folhapress