SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ator Bernardo Dugin registrou neste domingo (30) um boletim de ocorrência contra o padre Antonio Carlos dos Santos por homofobia durante uma missa realizada na capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Em seu Instagram, o ator alegou que durante uma missa de sétimo dia, em que ele estava com seu namorado, o padre usou termos considerados homofóbicos para condenar a relação entre pessoas do mesmo sexo.
“O padre disse, entre outras barbaridades que ele havia dito antes: ‘O demônio está entrando na casa das pessoas de diferentes formas para destruir as famílias na representação da união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher’.”
Procurada, a Diocese de Nova Friburgo divulgou uma nota em que diz lamentar o ocorrido. “Pedimos perdão às pessoas que se sentiram ofendidas e reafirmamos aquilo que é recorrente nas orientações do Bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação.”
A Diocese disse também que divulgará amanhã (3) um pronunciamento do padre Antonio Carlos dos Santos, mas não respondeu se o pároco será punido. O Colégio Nossa Senhora das Dores, que sediou a missa em sua capela, divulgou uma nota na qual diz repudiar “todo discurso de ódio e incitação à violência de qualquer natureza”.
Já a diretora do colégio, professora Jean Beatriz, em conversa com a Folha, disse esperar o retorno do bispo dom Luiz Antonio Lopes Ricci para uma reunião que decidirá se a instituição adotará alguma ação a respeito de missas celebradas pelo sacerdote.
Bernardo Dugin, que participa da sétima temporada da série “Reis”, da Record, e já esteve em produções bíblicas como “Gênesis” e “Jesus”, além de novelas como “Éramos Seis” e “Todas as Flores”, também conversou com a Folha por meio de seu advogado, Caio Padilha.
De acordo com Padilha, haverá um pedido de correção no registro de ocorrência, para que haja uma substituição da tipificação da injúria. O advogado diz que o fato de a fala não ter sido dirigida especificamente ao ator, mas a toda uma comunidade, configura um crime de racismo.
Ele disse ainda que o ator também pretende abrir uma representação no Ministério Público do Rio de Janeiro para que se instaure um inquérito e, havendo condenação, o padre seja multado por dano moral coletivo a instituições ligadas ao público LGBTQIAP+.
BRUNO CAVALCANTI / Folhapress