Conselhão se torna menos afinado a Lula e se abre para novas áreas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aproximadamente metade do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável tem afinidade declarada com as ideias do PT ou demonstra simpatia pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com levantamento da reportagem, dos 246 nomes da sociedade civil que Lula escolheu e convidou para o conselho, instalado na última quinta-feira (4), 117 têm inclinação claramente favorável ao atual governo. Entre os aliados, têm bastante representação os profissionais do direito e, principalmente, os sindicalistas (28 dos 117).

Em relação à composição do chamado Conselhão original, de 2003, o petista parece ter dado mais abertura para técnicos e críticos. Na ocasião, levantamento da Folhade S.Paulo mostrou que 57% do órgão tinha afinidade com Lula, número que chegava a 62% com a inclusão dos dez ministros que tinham assento.

Em 2003, o conselho tinha 84 nomes, 48 deles com relações próximas, em menor ou maior grau, com o governo federal.

Vinte anos depois, o conselho passou a contemplar áreas novas ou temas praticamente inexplorados na época, como redes sociais e aplicativos (Google, iFood, Meta), ambientalismo, movimentos indígenas e luta contra o preconceito à população negra e LGBTQIA+.

Em relação a 2003, seis conselheiros voltaram a ser chamados: Antonio Neto (presidente da central sindical CSB e do PDT-SP), Robson Braga de Andrade (presidente da CNI), Abilio Diniz (membro do conselho de administração do Grupo Carrefour), Joseph Couri (presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de SP), Márcio Lopes de Freitas (presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras) e Sueli Carneiro (filósofa, escritora e ativista antirracismo).

José Henrique Cutrale também representa continuidade no Conselhão, pois ocupa o lugar que foi de seu pai, José Luis Cutrale, do grupo que leva o sobrenome da família.

Representantes destacados dos novos perfis são os Felipe Neto e Nath Finanças, influenciadores digitais, Conrado Leister, Fábio Coelho, Fabrício Bloisi e Silvia Penna, diretores de Meta, Google, iFood e Uber, Viviane Sedola, fundadora da plataforma Dr. Cannabis, Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, Bela Gil, culinarista e ativista, Davi Kopenawa, escritor e liderança ianomâmi, entre outros.

A variedade do Conselhão abrange, inclusive, apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, como mostrou o Painel. O valor mais significativo partiu do médico Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Albert Einstein e da Conib (Confederação Israelita do Brasil), que contribuiu com R$ 20 mil.

Além dele, também ajudaram na campanha do ex-presidente João Martins da Silva Junior, pecuarista e ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), com R$ 1.022; Sérgio Bortolozzo, presidente da Sociedade Rural Brasileira e Frank Rogieri Souza de Almeida, presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal, ambos com R$ 1.000 cada.

A maior parte dos nomes não alinhados ao governo petista não podem ser vistos como opositores, mas representantes técnicos de áreas que a atual gestão considera relevantes. Em grande parte dos casos, eles não manifestam posições político-eleitorais publicamente.

Os integrantes do conselho participam voluntariamente das discussões. O Conselhão também possui caráter consultivo, ou seja, as reuniões geram recomendações ao presidente, que pode ou não acatá-las.

GUILHERME SETO / Folhapress

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