SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O corpo da apresentadora Palmirinha, morta neste domingo (7) aos 91 anos por complicações de problemas renais, está sendo velado no Cemitério do Morumby, na zona sul de São Paulo. O velório começou às 9h.
Das 11h às 13h, fãs poderão prestar as últimas homenagens à apresentadora, considerada um dos nomes mais emblemáticos da TV brasileira. O sepultamento, porém, será restrito a parentes e amigos.
Sandra Bucci, filha de Palmirinha, disse que a mãe lutou com todas as forças contra a doença. “Mas ela não conseguiu. A única batalha que não conseguiu vencer foi a doença. Mas ela viveu muito plenamente e fez tudo o que quis. Ela deixa uma lição de força para a gente”, disse Bucci no velório.
Tânia Rosa, outra filha da apresentadora, afirma que Palmirinha tentava tranquilizar a família nos últimos momento de vida apesar de sentir muitas dores. “Nunca reclamou e sempre estava muito serena, porque não queria incomodar a gente. Mas tenho certeza de que onde estiver, ela está vendo todo esse glamour que vocês preparam”, afirmou, referindo-se à cobertura da imprensa. “Ela brilhava onde passava. E, hoje, ela está brilhando lá no céu.”
Anderson Clayton, que deu vida ao boneco Guinho, companheiro de Palmirinha na TV, afirmou que a apresentadora vai deixar muitas saudades e que ela era uma mulher muito forte.
“Sempre foi e sempre será uma fortaleza. Passei mais tempo com ela do que com a minha própria avó. A gente tinha com ela uma relação de muito amor e gratidão. Era uma amiga e uma avó para mim. É uma grande perda.”
A apresentadora Ana Maria Braga, com quem Palmirinha trabalhou nos anos 1990, enviou uma coroa de flores com os dizeres: “Nossos sinceros sentimentos.”
Ana Maria usou as redes sociais no domingo para homenagear a apresentadora. “Minha grande amiga Palmirinha. Mãe, amiga e irmã que a vida me deu. Hoje o céu está mais doce com a tua chegada! Sorte de quem teve o privilégio de tê-la por perto.”
A apresentadora Astrid Fontenelle chegou por volta das 11h30.
Palmirinha estava internada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde 11 de abril, informou a família em uma publicação no Instagram da apresentadora. Ela deixa três filhas, seis netos e seis bisnetos.
O consultor de etiqueta Fabio Arruda afirmou que a apresentadora era uma figura muito doce no dia a dia. “Ela traduz a essência da vovó. Ela tinha uma generosidade e uma coisa tão verdadeira de deixar você ser o mais importante. Essa era a tradução do que era a Palmirinha. Dentro da simplicidade das receitas dela, Palmirinha dava uma lição de elegância e de qualidade humana gigantescas”, disse Arruda ao sair do velório.
“Triste com a notícia do falecimento da apresentadora da dona Palmirinha, uma figura querida da nossa televisão. Meu abraço fraterno aos familiares, amigos e fãs”, escreveu o presidente Lula (PT), no Twitter.
Paulista de Bauru, Palmira Nery da Silva Onofre, a Palmirinha Onofre, começou a trabalhar na TV aos 62 anos, e foi abraçada pelo público ao mostrar que sabia rir de si e dos erros de concordância de português que cometia à beira do fogão, assim como dos lapsos de memória diante das câmeras.
“As pessoas me conheciam porque eu falava muito errado, e ainda falo, né?”, disse ela a Regina Volpato, em 2019, ao comparecer aos 39 anos do programa Mulheres, da TV Gazeta, onde começou a ser remunerada pelo ofício de ensinar a cozinhar pela TV, em 1999.
A fama, no entanto, começaria pela Record, no Note e Anote, de Ana Maria Braga, com quem contracenou entre 1993 e 1998. Não recebia salário, mas fazia o seu merchan, como contou a Marília Gabriela em entrevista ao SBT em 2012.
Em troca das performances de Palmirinha, Ana Maria fazia propaganda dos trabalhos da colega fora da televisão, como os cursos de culinária que ela ministrava, e divulgava os contatos que os telespectadores poderiam usar para fazer encomendas de seu menu.
Antes de começar a trabalhar na televisão, foi engraxate, trabalhou em fábrica para encaixe de peças, faxinava escritórios na praça da Sé até meia-noite, trabalhou para a Nestlé fazendo degustações em supermercado, para a Brastemp traçando receitas de microondas e para a Vasp, preparando o cardápio dos passageiros.
Casou-se aos 19, e as dores do matrimônio começariam logo após a festa, quando, ao chegar em casa, disse ter encontrado três amantes do marido no portão. Ficaram juntos por cerca de duas décadas, tiveram as três filhas, mas as coisas não eram fáceis entre o casal. Palmirinha contava ter vivido com ele um relacionamento abusivo, com violência e agressões. Não se separou por medo de que as filhas sofressem de alguma maneira.
“Tenho muito orgulho da minha vida anterior à TV, onde, apesar das inúmeras dificuldades financeiras e familiares, pude criar minhas três filhas com muita dignidade, aperfeiçoando minhas aptidões na culinária”, disse ela, em entrevista à Folha.
MATHEUS ROCHA / Folhapress