Há exatos nove anos, em 09 de maio de 2014, Jair Rodrigues, uma das maiores vozes da história da música popular brasileira nos deixava órfãos do seu talento, simpatia e genialidade.
Jair Rodrigues morreu em casa, aos 75 anos, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio.
Sobre Jair Rodrigues
Cantor e intérprete talentosíssimo, dono de uma irreverência e personalidade únicas e presença de palco marcante, Jair Rodrigues é considerado o primeiro rapper brasileiro.
Foi precursor do gênero ao lançar – com versos mais declamados do que cantados – a canção Deixa Isso Pra Lá (de Alberto Paz e Edson Meneses), no seu segundo disco Vou de Samba com Você, de 1964.
Foi com essa música – acompanhada de sua icônica coreografia com as mãos para cima e para baixo – que Jair Rodrigues atingiu sucesso nacional e tornou-se conhecido e admirado no Brasil inteiro.
Nascido em Igarapava, no interior de São Paulo, o artista iniciou sua carreira depois de conquistar o primeiro lugar em um programa de calouros na Rádio Cultura e tornar-se crooner, cantando em casas noturnas de São Carlos, em meados da década de 50.
Disparada
Depois do sucesso de Deixa Isso Pra Lá (presente no segundo disco de sua carreira, de 1964, o primeiro – no ano anterior – também contou com a antológica O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes), consolidou-se de vez como um dos maiores artistas do país, ao vencer o II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, defendendo a canção Disparada (de Geraldo Vandré e Théo de Barros), em uma interpretação inesquecível, ao lado do Trio Marayá e do Trio Novo.
Neste dia aconteceu um fato curioso: o júri havia dado o primeiro lugar para a canção A Banda, de Chico Buarque – interpretada por ele e Nara Leão. Acontece que Chico não aceitou vencer de Jair, pois ele achava que a música interpretada pelo colega era melhor que a sua (e havia uma grande aclamação do público também, que gostava muito de Disparada).
Chico Buarque foi então até o júri, dizer que – se não dessem o prêmio para Jair Rodrigues – não aceitaria o seu. No fim, o júri decidiu por empate técnico aos dois artistas, que dividiram o primeiro lugar na competição.
O Fino da Bossa
Entre os anos de 1965 e 1967, Jair Rodrigues comandou – ao lado de Elis Regina – o famoso programa musical O Fino da Bossa, na TV Record. Juntos, os dois artistas lançaram três LPs ao vivo: um deles, Dois na Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias.
Jair Oliveira e Luciana Mello
Jairzão é pai dos também artistas Jair Oliveira e Luciana Mello, que dão continuidade ao seu legado e à bela história que o pai construiu na música popular brasileira.
Luciana é cantora e compositora, umas das mais belas vozes do país, e Jair Oliveira (que já usou o nome Jairzinho) é cantor, compositor, instrumentista e produtor musical, inclusive já produziu diversos discos da irmã, além dos seus, e é autor de sucessos como Simples Desejo (com Daniel Carlomagno), Bom Dia Anjo e Prazer e Luz (com Max Vianna).
Jairzinho começou sua carreira na década de 80, integrando o conjunto musical infantil Balão Mágico, e Luciana – que também chegou a fazer parte da turma do Balão Mágico – começou gravando com o pai a canção O Filho do Seu Menino (composta por Rildo Hora), no disco Luzes do Prazer, de 1984.
Sucessos na voz de Jair Rodrigues
Outras canções de sucesso na voz de Jair Rodrigues – que gravou mais de 50 discos e fez turnês pelo Brasil e pelo mundo ao longo de sua carreira – são:
- Tristeza (de Haroldo Lobo e Niltinho Tristeza);
- Festa Para Um Rei Negro (Samba-enredo da Escola de Samba Salgueiro, de Zuzuca, 1971);
- Majestade, O Sabiá (de Roberta Miranda);
- Diz Que Fui Por Aí (de Zé Kety e Hortêncio Rocha);
- Foi um Rio que Passou em minha Vida (de Paulinho da Viola);
- Triste Madrugada (de Jorge Costa);
- e Consolação (de Baden Powell/Vinicius de Moraes).
Jairzão, sua voz e seu sorriso são eternos!