George Santos diz à Folha de S.Paulo que é vítima de perseguição política após indiciamento criminal

BRIDGEHAMPTON, EUA (FOLHAPRESS) – O deputado George Santos se mostrou confiante de que vai conseguir enfrentar as 13 acusações de crimes financeiros do governo federal apresentadas contra ele num tribunal de Long Island, em Nova York, nesta quarta-feira (10).

Santos falou à Folha de S.Paulo com exclusividade depois de uma caótica coletiva na porta do tribunal federal e afirmou que tem documentação para refutar algumas acusações, mas admitiu que ele e sua defesa precisam examinar melhor os detalhes das denúncias, que envolvem lavagem de dinheiro e fraudes.

O republicano, filho de brasileiros, é acusado de receber de forma irregular auxílio-desemprego durante a pandemia, quando, de acordo com o indiciamento do Departamento de Justiça, ele recebia um salário anual de US$ 120 mil. Santos afirma que o auxílio foi perfeitamente legal, mas excedeu o limite do governo em duas parcelas de US$ 564 e citou esta acusação e a soma pequena como exemplo de que é vítima de perseguição política. A Folha de S.Paulo não tem confirmação independente desta alegação.

Na entrevista, Santos disse ainda que encorajou seus parentes e amigos, contatados por promotores federais, a responder francamente a quaisquer perguntas. Ele insiste que os cinco meses que se passaram para a investigação do Departamento de Justiça apresentar as acusações são um período curto, o que, segundo sua visão, sugere desespero do governo para levá-lo à Justiça.

O deputado ressaltou que a emissora CNN, uma rede que qualifica como uma adversária ideológica, publicou o anúncio do indiciamento na terça (9), dez minutos antes de seu advogado ser notificado. Para Santos, a informação antecipada configura mais um exemplo da natureza política das acusações.

George Santos foi defendido no tribunal apenas por Joe Murray, um advogado que mantém para outras representações, mas afirma que vai precisar reforçar seu time para enfrentar o governo federal.

Sobre uma possível admissão de culpa em algumas das 13 acusações para obter algum tipo de benefício na pena —se condenado, ele pode pegar até 20 anos de prisão—, Santos diz ter deixado claro que está disposto a conversar.

Ele corrigiu, porém, a expressão “admitir culpa” e disse que quer apenas ouvir os promotores.

O indiciamento arquivado pelo Departamento de Justiça cita uma “Pessoa #1” como delatora do deputado. Ele diz não ter lido os detalhes e preferiu não especular sobre a identidade de quem delatou. Também são anônimos os três benfeitores que pagaram fiança de US$ 500 mil para que Santos responda às acusações em liberdade.

Repetindo o que disse na entrevista coletiva ao deixar o tribunal, o deputado disse que não está nervoso porque acredita que tem meios de provar sua inocência, mas não forneceu detalhes sobre o que vai apresentar à Justiça.

LÚCIA GUIMARÃES / Folhapress

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