SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um bebê com DNA de três pessoas nasceu no Reino Unido a partir do uso de uma técnica conhecida como doação mitocondrial, segundo o jornal britânico The Guardian.
O procedimento usa o tecido de óvulos de pessoas saudáveis para criar embriões livres de mutações genéticas e evita que o bebê herde doenças incuráveis, como a síndrome de Leigh, que causa problemas no desenvolvimento e morte durante a infância.
A técnica combina o tecido das mitocôndrias do óvulo da doadora com o material genético do espermatozoide e do óvulo dos pais biológicos. Assim, o bebê que nasceu tem material genético de três pessoas -apenas cerca de 37 genes vêm do tecido mitocondrial, ou 0,2% dos seus 20 mil genes.
O esperma do pai é usado para fertilizar os óvulos da mãe e da doadora. O material genético da doadora é removido e substituído pelo do óvulo do casal, com o DNA dos pais e as mitocôndrias saudáveis da doadora.
A técnica foi usada com sucesso pela primeira vez em 2016, no México, quando um médico norte-americano anunciou o nascimento de um bebê de uma mulher da Jordânia que havia sofrido quatro abortos e a perda de dois filhos -um com seis anos e outro com oito meses.
A pesquisa sobre o tema no Reino Unido tentava ajudar mulheres com mutações mitocondriais, que causam doenças incuráveis, a terem filhos saudáveis.
As mitocôndrias são organelas celulares, componentes responsáveis pela energia das células que compõem nossos tecidos. Mutações nessas “usinas” podem afetar o cérebro, o coração, os músculos e o fígado, que se deterioram enquanto a criança cresce.
O parlamento britânico permitiu os procedimentos em 2015. Dois anos depois, o Centro de Fertilidade de Newcastle se tornou o primeiro e único centro nacional habilitado para fazer o tratamento, conhecido pela sigla MDT (tratamento de doação mitocondrial, em tradução livre).
Cada procedimento de aplicação nos embriões precisa ser aprovado pela HFEA, autoridade britânica de saúde, fertilização e embriologia, que já permitiu 30 deles até agora. A agência disse ao The Guardian que “menos de cinco” bebês nasceram por meio deste procedimento até abril, mas não informou ao jornal quantos nasceram além do caso confirmado.
A pesquisa, contudo, também apontou riscos, como um número de mitocôndrias anormais que inevitavelmente são carregadas do óvulo da mãe para o da doadora e se replicam quando o feto está no útero.
Redação / Folhapress