SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Grafites, lambe-lambes, pinturas, livros doados, móveis improvisados e objetos reciclados compõem a atmosfera de uma ocupação cultural. Um prédio antes abandonado se transforma em um espaço de arte e convivência. Muitas vezes, é o único lugar com esse propósito em um bairro inteiro.
Em São Paulo, onde equipamentos culturais são concentrados nas regiões mais ricas e o custo para frequentá-los restringe o público, as ocupações democratizam o acesso à cultura. Esses espaços acabaram surgindo mais ou menos no mesmo período, em meados dos anos 2010.
Lideradas por artistas, ativistas da cultura ou até mesmo por um movimento pró-moradia, as ocupações, no geral, apresentam regras rigorosas de convivência e de manutenção de suas sedes. Podem funcionar como galeria, teatro, lugar formativo ou de habitação.
A estrutura comunitária, a forte relação com os territórios em que estão inseridos são comuns a esses centros. Todos oferecem uma programação de apresentações, shows e exposições, além de oficinas de arte para crianças e adultos, gratuitas. São ainda uma vitrine para artistas periféricos em ascensão.
Conheça cinco ocupações culturais
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CENTRO CULTURAL OUVIDOR 63
Desde maio de 2014 todos os residentes do número 63 da Rua do Ouvidor, no centro da cidade, são artistas. Há um pouco de tudo: dançarinos, cantores, músicos, artistas plásticos e visuais, acrobatas, palhaços, pintores e escultores. Enquanto permite que eles tenham moradia e espaço para desenvolver suas obras, a Ouvidor 63 promove oficinas gratuitas de dança, arte de rua, artes plásticas, música, circo e performance todas as semanas. Neste mês conta com programação especial de aniversário e a exposição “Lab. Retrato 63”.
R. do Ouvidor, 63, Sé, região central .
OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
Liderada pelo Movimento Sem Teto do Centro, o MSTC, está localizada no centro da cidade. O prédio, que já foi sede do INSS, foi ocupado em 2016. Festivais, shows, exposições, projeções de produções audiovisuais, oficinas e ensaios de blocos de Carnaval fazem parte da programação do espaço. Além disso, todo domingo acontece a Cozinha Ocupação 9 de Julho, chefiada a cada semana por um chef. Por lá, já passaram nomes como Bela Gil, Helena Rizzo e Paola Carosella. Toda refeição vendida (R$ 40) é revertida em uma marmita para doação.
R. Álvaro de Carvalho, 427, Bela Vista, região central.
OCUPAÇÃO CULTURAL MATEUS SANTOS
Localizada em Ermelino Matarazzo, extremo leste de São Paulo, o espaço surgiu em 2016. A idealização e manutenção da sede, que já foi uma subprefeitura, é do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo. Saraus, batalhas de rima, teatro e shows de rap compõem a programação. A ocupação oferece mais de 10 oficinas e conta com uma biblioteca comunitária. Para utilizá-la não é necessário fazer cadastro, e os livros podem ser doados, emprestados ou retirados.
Av. Paranaguá, 1633, Jardim Belem, região leste.
OKUPAÇÃO CULTURAL CORAGEM
Foi fundada em 2016 por um grupo de artistas que ocuparam um espaço ocioso da Cohab 2, em Itaquera. O lugar se transformou em uma galeria de arte, que reúne artistas da região metropolitana de São Paulo. Até o momento, aconteceram 18 exposições de arte urbana e uma iconográfica. A próxima mostra, com abertura prevista para o próximo dia 13, será “Aruanda”, que traz a representação de elementos das religiões de matriz africana.
R. Vicente Avelar, 53, Conj. Res. José Bonifácio, região leste.
OCUPAÇÃO ARTÍSTICA CANHOBA
Também de 2016, a Ocupação Artística Canhoba se estabeleceu em um prédio abandonado que deveria ser um ponto de leitura da prefeitura. O espaço é gerido pelo Grupo Pandora de Teatro, coletivo com atuação no bairro de Perus, na região oeste. Além de assistir aos espetáculos, crianças e jovens interessados podem ter uma formação em teatro na ocupação. A Canhoba tem ainda exibição de produções audiovisuais e aulas de acroyoga. Atualmente está com a peça “Sagrado Seja o Caos” em cartaz.
R. Canhoba, 299, Vila Fanton, região norte.
NADINE NASCIMENTO / Folhapress