5 canções da MPB que fizeram história em 5 filmes de Cacá Diegues

Hoje é aniversário de um dos cineastas brasileiros que têm ligação mais estreita com a música popular brasileira: Cacá Diegues

E hoje, o dia em que completa 83 anos de idade – para homenagear esse alagoano criado no Rio de Janeiro, que foi um dos fundadores do Cinema Novo no Brasil e um dos cineastas brasileiros mais conhecidos e premiados mundo afora – nós vamos relembrar cinco dessas canções.

Cacá Diegues foi um dos fundadores do Cinema Novo no Brasil | Foto: Reprodução

Cacá Diegues

Além de ter sido casado com Nara Leão e tido com ela dois filhos – Francisco e a hoje também diretora e cineasta Isabel Diegues – Cacá (apelido de Carlos José Fontes Diegues) possui em sua obra cinematográfica filmes que eternizaram grandes canções da nossa MPB.

Em 2018, Cacá Diegues foi eleito novo imortal da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo escritor Euclides da Cunha e pelo fundador da ABL, Valentim Magalhães

5 canções da MPB que fizeram história em 5 filmes de Cacá Diegues

1 – Quando o Carnaval Chegar – Chico Buarque (1972) 

A canção faz parte do filme do gênero musical, dirigido por Cacá Diegues, que recebeu o mesmo nome: Quando o Carnaval Chegar, de 1972.

Com roteiro de Cacá Diegues, Hugo Carvana e Chico Buarque, o longa conta a história de Lourival (Hugo Carvana), empresário de um grupo mambembe de cantores que viaja pelo país num antigo ônibus, chamado Sheila, dirigido por Cuíca (Antônio Pitanga). 

Os cantores eram:

  • Paulo (Chico Buarque);
  • Mimi (Nara Leão);
  • e Rosa (Maria Bethânia)

Com a proximidade do Carnaval, Lourival consegue um contrato para o grupo e também Cuíca, para se apresentarem no evento “A Festa do Rei” (que depois se revela como sendo Frank Sinatra, em uma suposta viagem ao Rio).

Nara Leão, Chico Buarque e Maria Bethânia em “Quando o Carnaval Chegar” | Foto: Instituto Antonio Carlos Jobim

Mas uma série de desavenças e discussões internas, provocadas pelos romances inesperados de Paulo com Virgínia (Ana Maria Magalhães) e de Cuíca com uma atriz francesa (interpretada por Elke Maravilha), põe em risco o cumprimento do contrato para desespero de Lourival, que avisa que o contratante é o chefão do crime organizado, Anjo (José Lewgoy), que os ameaça de diversas formas.

A trilha sonora do filme é composta, em sua maior parte, por Chico Buarque, e tem Maria Bethânia, Nara Leão e MPB-4 como intérpretes. A música-título tornou-se um imenso sucesso.

2 – Xica da Silva – Jorge Ben Jor (1976)

Xica da Silva foi composta por Jorge Ben Jor, em 1976, especialmente para o filme de mesmo nome, dirigido por Cacá Diegues e baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos.

O longa é um dos mais importantes do cinema brasileiro e conta com Zezé Motta no papel de Xica da Silva

O filme conta a trajetória de Xica da Silva, que – na segunda metade do século XVIII – de escravizada, tornou-se a primeira dama negra de nossa história, seduzindo o milionário contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira (Walmor Chagas)

Promovendo luxuosas festas e banquetes, e exibindo grupos de teatro europeu, que se apresentavam nas salas de sua imensa casa, Xica da Silva ficou conhecida até na corte portuguesa.

Zezé Motta interpretando Xica da Silva (1976) | Foto: Divulgação

A ostentação atingiu aspectos surrealistas, quando João Fernandes de Oliveira satisfez o caprichoso desejo de sua amante de fazer uma viagem marítima sem sair da região, construindo um lago artificial e uma caravela manobrada por uma tripulação de dez homens.

A canção de Jorge Ben Jor conta a história real de Xica da Silva, que depois também virou novela, em 1996, escrita por Walcyr Carrasco e com Taís Araújo no papel da ex-escravizada alforriada.

3 – Bye Bye Brasil – Chico Buarque e Roberto Menescal (1979)

Bye Bye Brasil foi composta por Chico Buarque e Roberto Menescal para o filme de comédia de mesmo nome, de 1979, dirigido por Cacá Diegues e considerado por muitos como uma das mais importantes produções da década de 70. 

No longa, Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha (Príncipe Nabor) são três artistas mambembes que cruzam o país com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão.

A eles, se juntam o acordeonista Ciço (Fábio Júnior) e sua esposa, Dasdô (Zaíra Zambelli), com os quais a Caravana cruza a Amazônia pela rodovia Transamazônica até chegar a Altamira.

Betty Faria, interpretando Salomé, no filme “By Bye Brasil” | Foto: Reprodução

Apesar de todo o ar lúdico, elementos sexuais encharcando a narrativa e muitas mímesis folclóricas, é possível ver ali uma importante reflexão de uma mudança social interessantíssima ocorrida no nosso país.

É um dos filmes mais marcantes do período final da ditadura. Em 2015, entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

A canção-título, interpretada por Chico Buarque, também tornou-se um dos grandes clássicos da nossa música.

4 – A Luz de Tieta – Caetano Veloso (1996)

Em 1996, Caetano Veloso compôs a canção Luz de Tieta, especialmente para o filme Tieta do Agreste, baseado no romance de Jorge Amado de mesmo nome, lançado em 1977.

O livro e o filme narram a trajetória de uma jovem e livre pastoreira de cabras em Mangue Seco e seus relacionamentos com diversos amantes nas dunas da região do interior da Bahia.

No longa, Tieta é interpretada por Sônia Braga. Sua irmã, a carola Perpétua (Marília Pêra) denuncia ao pai – Zé Esteves (Chico Anysio) as aventuras de Tieta, e a liberdade da moça escandaliza a pequena Sant’Ana do Agreste. Depois de levar uma surra de cajado, Tieta é escorraçada de casa pelo pai.

Ela passa um tempo perambulando por localidades próximas, prostituindo-se para sobreviver, e então segue para São Paulo, onde torna-se cafetina. Envia dinheiro à família, mas ninguém conhece seu paradeiro.

Quando a correspondência é interrompida, Perpétua conclui que a irmã está morta. Mas após mais de 25 anos da partida, Tieta regressa rica e bem sucedida, para escandalizar ainda mais os costumes da conservadora cidade.

Tieta, interpretada por Sonia Braga, em “Tieta de Agreste” | Foto: Reprodução

A trilha sonora completa do longa foi composta inteiramente por Caetano Veloso e produzida por Jaques Morelenbaum. A música A Luz de Tieta – cantada em dueto por Caetano e Gal Costa – é um dos grandes sucessos da nossa MPB.

5 – Sou Você – Caetano Veloso (1999)

Sou Você é uma canção composta por Caetano Veloso especialmente para o filme Orfeu, do gênero drama musical e romance, dirigido por Cacá Diegues e estrelado por Toni Garrido e Patrícia França, em 1999.

O roteiro é baseado na peça Orfeu da Conceição, do poeta Vinicius de Moraes, adaptada por:

  • João Emanuel Carneiro;
  • Cacá Diegues;
  • Paulo Lins;
  • Hamilton Vaz Pereira;
  • e Hermano Vianna.

A trilha sonora também é toda de Caetano Veloso

O filme retrata a lenda da mitologia grega de Orfeu e Eurídice, inserindo-a no contexto moderno do Rio de Janeiro, em uma comunidade carioca, durante o Carnaval. As imagens do Carnaval foram captadas no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, com a escola de samba Viradouro, de Niterói.

Trata-se de uma história romântica sobre o amor impossível de Orfeu (Toni Garrido), um compositor de escola de samba, e a jovem e bela Eurídice (Patrícia França).

O amor entre eles é puro e verdadeiro, mas impedido de acontecer por Lucinho (Murilo Benício), chefe do tráfico local, obcecado pela jovem, que perseguirá o casal.

A canção Sou Você é interpretada no longa por Toni Garrido.

Outros de filmes famosos de Cacá Diegues são:

  • Cinco Vezes Favela (1962);
  • Deus é Brasileiro (2003);
  • e O Grande Circo Místico (2018).

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