RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Três pessoas morreram vítimas de bala perdida na região metropolitana do Rio de Janeiro em um período de 48 horas. Duas delas foram atingidas enquanto aconteciam operações policiais em local próximo ao que estavam. É o caso de Ivanildo Lino, 73, e Alan Lazarini, 44. A terceira vítima, Glória Maria Esteves, 36, foi baleada durante um tiroteio entre criminosos.
O idoso foi encontrado morto dentro da própria casa no Complexo da Penha, zona norte do Rio, na quarta-feira (17). No dia anterior, as polícias Civil e Militar tinham feito uma operação para procurar criminosos que participaram da explosão da fachada de um banco no último dia 11.
A suspeita é que Lino, achado morto pelo neto, tenha sido baleado durante a ação policial. Na operação, o músico cavaquinista Fábio Gomes, 42, também foi atingido por um disparo dentro de casa. Ele ficou ferido no braço.
Lazarini, por sua vez, morreu na quinta-feira (18) após ficar oito dias internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Ele havia sido baleado em 10 de maio ao sair de uma academia que fica em uma rua residencial de Senador Camará, bairro da zona oeste da cidade. Naquele dia a Polícia Militar fazia na região uma operação para reprimir roubo de cargas.
Esteves também morreu na quinta. Ela foi baleada durante um confronto entre criminosos na favela do Amarelinho, em Acari, na zona norte do Rio. Mãe de três filhos, ela era dona de trailer de lanches e trabalhava na região.
De acordo com o Fogo Cruzado, projeto que monitora casos de violência no estado, 79 pessoas foram vítimas de bala perdida na região do Grande Rio em 2023. Mais da metade dos casos, isto é, 41 deles, aconteceram durante operações policiais. Das 79 vítimas, 10 eram crianças, 8 eram adolescentes e 4, idosos.
Procurada, a Polícia Militar afirma que as ações da corporação são planejadas com base em informações de inteligência, tendo como “preocupação central a preservação de vidas e sendo pautadas por critérios técnicos e pelas determinações legais atualmente vigentes”.
“Os confrontos durante as ações policiais representam a forma de atuação dos grupos criminosos, que insistem em enfrentar as forças de segurança que buscam na atuação policial resguardar os direitos básicos da população”, diz, em nota.
A PM também afirma que, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o indicador de morte por intervenção de agente do Estado no primeiro trimestre de 2023 teve uma redução de 6,2%, em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.
Já a Polícia Civil diz que as três mortes por bala perdida citadas estão sendo investigadas e que há diligências em andamento para identificar os autores dos disparos.
“A instituição acrescenta que todas operações são realizadas com base em decisões estratégicas e operacionais e por meio de trabalhos de investigação e inteligência, priorizando sempre a preservação de vidas, tanto dos agentes quanto dos cidadãos”, afirma, em nota.
OUTORS CASOS
No início da semana, um adolescente de 12 anos foi baleado na cabeça por uma bala perdida enquanto estava no caminho da escola, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Luiz Davi Freire da Costa foi levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, onde passou por cirurgia e recebeu alta na tarde desta sexta (19).
Por causa do ferimento, o garoto ficou no centro de tratamento intensivo da unidade. Ele precisará voltar ao hospital em 15 dias para novos exames.
Outra vítima recente de bala na região metropolitana do Rio é Ronald Silva Santos, 22, atingido nas costas enquanto ia para um jogo de futebol com amigos, no último dia 10, em São Lourenço, Niterói. O jovem foi levado para o Hospital Estadual Azevedo Lima e continua em estado grave.
Segundo testemunhas, no momento que começaram os tiros, Santos tentou proteger crianças que estavam próximas e as empurrou para dentro de uma casa. Ele, porém, foi baleado.
Segundo a Polícia Militar, uma equipe do 12º Batalhão estava pela área e reagiu ao ser atacada por disparos de armas de fogo. A corporação diz que só foi informada depois que uma pessoa havia sido ferida. A família de Santos e testemunhas que estavam no local contestam a versão da polícia e afirmam que não havia nenhum confronto no momento.
CAMILA ZARUR / Folhapress