SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) – Em nota divulgada nesta segunda-feira (22), o Valencia afirmou que a polícia espanhola identificou um torcedor que fez gestos racistas contra Vinícius Jr. no jogo contra o Real Madrid.
Na nota, o Valencia afirmou que o torcedor identificado será banido para sempre do Mestalla, e que “trabalhos estão sendo feitos de maneira coordenada para confirmar a identidade de outros possíveis implicados.”
O clube afirma também que já disponibilizou as gravações das câmeras às autoridades espanholas, “a fim de agir com rapidez e contundência.”
Mais uma vez gritos racistas foram direcionados ao brasileiro. Ele foi expulso nos acréscimos do jogo depois de uma confusão generalizada entre os jogadores das duas equipes.
**COMO COMEÇOU**
Aos 15′ do segundo tempo, torcedores lançaram outra bola em campo, e Cömert chutou na direção do brasileiro, que acabou sofrendo uma falta no momento em que estava preparando uma jogada de ataque.
Ao levantar e se direcionar para a lateral do campo, alguns torcedores do Valencia gritaram ‘Mono’ (macaco) contra o brasileiro.
Vinicius Junior discutiu rapidamente com alguns torcedores, mas a partida continuou.
Cerca de 10 minutos depois, o jogo foi paralisado, visto que os torcedores do Valencia voltaram a repetir o gesto.
O locutor do estádio pediu para que os gritos fossem encerrados sob ameaça do jogo ser suspenso.
Logo depois, o brasileiro identificou o torcedor que cometeu o ato racista e ao tirar satisfação foi insultado por outros torcedores presentes.
Poucos minutos depois, já nos acréscimos, jogadores de Valencia e Real Madrid trocaram empurrões após Vini Jr. ser chamado de macaco pelo goleiro rival e receber um mata-leão de Hugo Duro.
Na reação, o brasileiro atingiu o rosto de Mamardashvili e acabou expulso.
Veja a nota completa do Valencia
“Valencia CF, em seu compromisso permanente contra o racismo e a violência em todas as suas formas, informa que a polícia identificou um torcedor que fez gestos racistas contra Vinícius Jr no jogo da 35ª rodada contra o Real Madrid, disputado no Camp de Mestalla, e trabalhos estão sendo feitos de maneira coordenada para confirmar a identidade de outros possíveis implicados.
Desde o momento dos fatos, todas as gravações disponíveis estão sendo analisadas, trabalhando o mais rápido possível para esclarecer o ocorrido, a fim de agir com rapidez e contundência.
O Valencia CF já procedeu à abertura de processo disciplinar, aplicará a máxima severidade contra os adeptos envolvidos, expulsando-os do estádio para sempre e colabora com a Polícia e as autoridades competentes para esclarecer o sucedido.
O Clube condena veementemente este tipo de comportamento, que não tem lugar no futebol e na sociedade e que não corresponde aos valores do Valencia CF e dos seus adeptos.
Dessa forma, reafirmamos nossa posição contra o racismo agindo com a mesma contundência de 2019, quando um torcedor que fez gestos fascistas e saudações aos torcedores do Arsenal durante a partida da UEFA Europa League foi expulso para sempre.”
**RACISMO X INJÚRIA RACIAL**
A Lei de Racismo, de 1989, engloba “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.
O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.
Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça.
**VIOLÊNCIA CONTRA NEGROS NO BRASIL**
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021 (levantamento mais recente feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados do ano de 2020), 75,8% das vítimas de homicídio no Brasil eram pessoas negras.
Entre as pessoas mortas por policiais, 78,9% são pessoas negras.
Na esfera do poder público, não existe uma divulgação transparente de dados oficiais nacionais sobre homicídios ou sobre mortes provocadas por policiais em todo o Brasil. O governo brasileiro também não disponibiliza dados nacionais sobre as investigações e punições de homicídios.
Redação / Folhapress