SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O juiz Eduardo Appio, que foi afastado cautelarmente da 13ª Vara Federal de Curitiba pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) na segunda (22), tentou falar com integrantes do governo Lula assim que recebeu a notícia de que estava suspenso do cargo.
Appio disparou mensagens por WhatsApp para autoridades que estão em postos-chave do governo federal, mas não recebeu resposta.
Integrantes do governo preferem antes entender o que de fato aconteceu no caso do afastamento para depois então dialogar com o magistrado.
Além disso, o governo não teria como ajudá-lo, já que se trata de uma disputa travada dentro do sistema judiciário.
O juiz acionou também aliados de Lula na área jurídica que não estão no governo. O assunto, entre eles, também tem sido tratado com cautela.
Appio foi denunciado à Corregedora Regional do TRF-4 por supostamente ameaçar o desembargador federal Marcelo Malucelli.
Ele teria telefonado para João Eduardo Barreto Malucelli, filho do magistrado, se passando por outra pessoa e solicitando informações sobre o pai dele.
O desembargador Malucelli tinha virado alvo de críticas por determinar a prisão do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, que é desafeto do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro.
As ressalvas à medida surgiram porque o filho de Malucelli, João Eduardo Barreto Malucelli, é sócio do escritório de advocacia de Moro e da mulher do senador, a deputada federal Rosângela Moro.
O juiz Appio teria telefonado para João Eduardo na época em que o pai sofria questionamentos.
Appio sempre fez um contraponto a Moro, que o antecedeu como titular da 13a Vara Federal e, no cargo, julgou e condenou dezenas de empresários e políticos -entre ele, o ex-presidente Lula.
Appio reverteu diversas decisões da Lava Jato e, na semana passada, decidiu ouvir o ex-ministro Antonio Palocci sobre o que seriam “excessos e erros” da Lava Jato. Ele também liberou R$ 35 milhões de uma conta do ex-petista.
Como fez em diversas outras ocasiões, o TRF-4 reverteu as decisões de Appio.
MÔNICA BERGAMO / Folhapress