SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os restos mortais de um príncipe etíope do século 19 não voltarão ao seu país de origem como sua família gostaria -a coroa britânica negou um novo pedido de repatriação, informou a mídia local nesta terça-feira (23).
O príncipe Alemayehu foi capturado aos 7 anos pelo exército britânico após soldados saquearem a cidade imperial de seu pai, o imperador Tewodros 2º, na Batalha de Maqdala em 1868. No mesmo ano, ele foi levado para a Inglaterra, onde chegou órfão depois que sua mãe morreu no caminho. Alemayehu viveu no Reino Unido durante toda a década seguinte -período em que a rainha Vitória estava no poder- e morreu de pneumonia aos 18 anos, em 1879.
A pedido da soberana, seu corpo foi enterrado e está até hoje na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, residência real no oeste de Londres, junto com os restos mortais de outras nove pessoas.
Líderes etíopes já pediram à monarquia britânica para devolver os restos mortais de Alemayehu à sua terra natal. Recentemente, a família do príncipe disse à emissora BBC que também pediu a repatriação. “Queremos ter seus restos mortais como família e como etíopes, porque o Reino Unido não é a nação onde ele nasceu”, afirmou Fasil Minas, um de seus descendentes. “Ele foi expulso da Etiópia, da África, da terra dos negros”, declarou outro descendente, Abebech Kasa.
Britânicos como o poeta Lemn Sissay também se juntaram à campanha para a repatriação, que se intensificou a partir de 2007, quando o então presidente etíope, Girma Wolde-Giorgis, pediu formalmente à rainha Elizabeth 2º que os restos mortais do príncipe voltassem à Etiópia. Na época, o porta-voz da rainha disse que, embora ela fosse a favor do repatriamento, não seria possível identificar os restos mortais do etíope.
Em resposta ao novo pedido, o Palácio de Buckingham disse em um comunicado que seria “altamente improvável” exumar os restos mortais de Alemayehu sem afetar o corpo de outras pessoas enterradas nas proximidades. No entanto, “o reitor e os cônegos de Windsor estão muito conscientes da necessidade de honrar a memória do príncipe Alemayehu”.
Nos últimos anos, as autoridades atenderam aos pedidos das delegações etíopes para visitar a capela, o que continuará sendo feito, acrescentou o comunicado.
Redação / Folhapress