SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma idosa atingida pela polícia da Austrália com uma arma de choque morreu nesta quarta-feira (24).
Clare Nowland, 95, sofria de demência e vivia numa casa de repouso em Cooma. Ela portava uma faca de cozinha quando foi atacada pelas forças de segurança, cuja intervenção havia sido solicitada pela equipe da instituição. Ao ser atingida pela descarga elétrica, caiu no chão e bateu a cabeça, fraturando o crânio.
O agente que disparou contra Nowland, Kristian White, 33, foi indiciado pelo ataque na terça-feira (23), acusado de três crimes relacionados a violência física cujas penas, somadas, podem chegar a dez anos de prisão. Ele também foi convocado a se apresentar diante de um tribunal no dia 5 de julho ao menos até lá, no entanto, continua solto, afastado da polícia mas recebendo seu salário integral.
Após a morte, a polícia disse em nota que seus sentimentos estavam com “aqueles que tiveram a sorte de conhecer, amar e ser amado por Nowland”. A idosa era conhecida em sua comunidade por seu histórico de trabalhos voluntários e chegou a ter sua imagem veiculada nacionalmente ao pular de paraquedas sobre a capital australiana, Camberra, em seu aniversário de 80 anos, em uma cena registrada pela rede ABC.
Na noite anterior à morte da australiana, a polícia organizou um encontro com a mídia para anunciar progressos relacionados ao caso. Na ocasião, uma porta-voz da instituição, Karen Webb, afirmou que as acusações contra White poderiam ser agravadas a depender das condições de saúde de Nowland.
Ao mesmo tempo, insistiu que o policial é inocente até que se prove o contrário e defendeu suspender o agente de forma não remunerada enquanto o caso corre na Justiça. “A questão agora está nas mãos do tribunal”, disse Webb. O caso indignou a Austrália e colocou pressão sobre a ministra da Polícia, Yasmin Catley, diante da preocupação com a erosão da confiança pública nas forças de segurança.
A integrante do governo, aliás, lamentou a morte de Nowland, afirmando que seus sentimentos estavam com a população de Cooma e com residentes e funcionários da casa de repouso onde ocorreu o incidente. Também disse que seguirá apoiando a família de Nowland no período de luto, segundo a imprensa local.
Andrew Thaler, representante da família, afirmou após o incidente que ele e seus parentes ficaram chocados com o ocorrido. “Como acharam apropriado usar esse nível de força em uma mulher de 95 anos?”, questionou ele ao jornal Sydney Morning Herald na ocasião.
Um grupo de pessoas com deficiência também cobrou respostas. Nicole Lee, presidente da organização People with Disability Australia, disse que o uso de força desproporcional contra pessoas com deficiência é comum e criticou a postura da casa de repouso, Yallambee Lodge, pelo modo como lidou com a idosa.
Segundo ela, ao recorrer à polícia, a instituição registrou falhas de protocolo ou demonstrou carecer de recursos ou de compreensão em relação à situação de Knowland. A casa de repouso não se pronunciou.
Redação / Folhapress