RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – As polícias Civil e Militar realizam uma operação conjunta nesta quarta (24) em comunidades da zona norte do Rio de Janeiro à procura de criminosos de outros estados. Durante a ação, que começou por volta das 5h30 e terminou 12 horas depois, quatro pessoas morreram -elas são suspeitas de envolvimento com o tráfico, de acordo com policiais.
Por causa da ação, escolas suspenderam as aulas na região, afetando cerca de 5.600 alunos.
Nos complexos do Alemão e da Penha, equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) atuam em conjunto com policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), da Polícia Civil.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que os policiais foram alvos de disparos efetuados por um grupo de homens armados escondidos na parte alta da região e removeram diversas barricadas montadas nos principais acessos a essas localidades.
Um fuzil e drogas a serem contabilizadas foram apreendidos pelos agentes. Na ação, três homens foram baleados -levados para o hospital estadual Getúlio Vargas, dois não resistiram.
Na Nova Brasília, favela que integra o Alemão, equipes do BAC localizaram uma plantação de maconha e diversos tabletes do mesmo entorpecente.
Segundo o titular da Core, delegado Fabrício Oliveira, criminosos atacaram a polícia a tiros e usaram barricadas de fogo.
“Apenas com a aproximação dos veículos blindados das unidades, os criminosos iniciaram ataques pesados com tiros de fuzil, incluindo munições traçantes, que atingiam os blindados, a via pública e as casas em volta”, afirmou o delegado.
“Todos os acessos às favelas estavam completamente fechados por barricadas extremamente pesadas, construídas com verdadeiras obras de engenharia e com a utilização de vigas de aço de construção civil. Todas essas barricadas estavam em chamas, dificultando ainda mais o trabalho da polícia”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, criminosos fugiram para a mata.
Uma moradora da Grota, uma das favelas do complexo do Alemão, afirmou que não teve como enviar os filhos, de 6 e 9 anos, para a escola. Segundo ela, essa é a sétima vez no ano em que as aulas são suspensas devido a confrontos que ocorrem durante ações policiais.
Ainda segundo a mulher, que trabalha como garçonete em um restaurante da zona sul da cidade, os filhos não têm com quem ficar na ausência de aula. A sua rua está sem luz desde que um poste, possivelmente atingido por tiros, caiu.
Segundo ela, não há previsão para o retorno da luz, e a comida que se encontra na geladeira, única alimentação dos filhos, poderá estragar.
Um auxiliar de supermercado relatou à reportagem que não conseguiu pegar o trem, suspenso devido à operação. Atrasado, conseguiu chegar ao trabalho após combinar com um mototaxista a corrida. O custo: R$ 70, de forma fiada.
Mototaxistas fizeram um protesto acompanhados de moradores. Entre eles uma mulher, que relatou ter ficado com medo dos tiros. Ela negou que a manifestação fora feita a mando de traficantes, conforme dados da inteligência da polícia apontariam.
Outra ação foi realizada na favela da Flexal, no Engenho da Rainha, onde equipes da Polícia Militar do 3º BPM (Méier) afirmam que foram atacadas por criminosos armados gerando o confronto armado.
Dois suspeitos foram feridos e levados ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, onde morreram. Com eles, foram apreendidos dois fuzis calibres 7,62 e 5,56. Ainda na Comunidade do Flexal, as equipes do 3º BPM localizaram três carros e uma motocicleta roubados.
Em Manguinhos, equipes da CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) atuaram na comunidade checando informações sobre a possível fuga de criminosos dos Complexos da Penha e do Alemão para a região.
A operação acontece exatamente um ano após uma ação conjunta das polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar deixar 23 mortos no Complexo da Penha, a segunda mais letal na história do Rio de Janeiro.
Na ocasião, as polícias também afirmaram que o objetivo era prender mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.
BRUNA FANTTI / Folhapress