Você conhece a Feira Preta?

Música, dança, teatro, literatura, gastronomia e muito mais! Você sabia que é possível unir os mais diversos produtos e manifestações culturais que mostram a potencialidade do afro-empreendedorismo em um evento só?! Pois acredite, esse é o objetivo da Feira Preta, o maior evento de cultura negra da América Latina. 

Ainda não ouviu falar sobre a Feira Preta?! Relaxa, que hoje vamos te contar tudo! A seguir, conheça a história e importância do evento que ajuda a dar oportunidades para empreendedores e artistas negros. 

Além disso, fique por dentro do que vai rolar na participação da Feira Preta no Back2Black Festival, que começa no dia 25 de maio, quinta-feira.  

Feira-Preta
Conheça a iniciativa Feira Preta. | Foto: Montagem/ Instagram: Feira Preta.

O que é a Feira Preta?

A Feira Preta é um evento focado no incentivo ao empreendedorismo negro. A ideia surgiu em 2002 a partir da idealizadora Adriana Barbosa. No início, Adriana começou um negócio que era uma espécie de brechó focado em vender e trocar roupas e acessórios – até que um dia ela decidiu criar a Feira Preta e, aos poucos, o negócio foi crescendo e se tornou o maior evento de cultura negra da América Latina. 

Assim, hoje, a inciativa se tornou um festival focado em ofertar conteúdos, serviços e produtos, recebendo artistas e empreendedores negros de vários lugares do Brasil e da América Latina. O festival acontece em São Paulo e é espalhado por diversos pontos da cidade. 

Ao todo, já foram realizadas 21 edições, sendo a última em 2022. Em todos esses anos, o festival já recebeu 240 mil participantes no formato presencial, 1,8 milhões de participantes no formato online, durante a pandemia, 1960 expositores do Brasil e da América Latina, 1340 artistas nacionais e internacionais, fazendo movimentar R$ 12,5 milhões entre empreendedores negros. Hoje, a Feira Preta também tem um marketplace para a venda de produtos de empreendedores negros e, para participar, é preciso seguir alguns critérios, como já ter ajudado a movimentar alguma edição do festival. 

“Entendemos o empreendedorismo negro como ator fundamental na mudança estrtural de um mercado que precisa absorver e respeitar as existências pretas enquanto portência criativa. Por isso, o Marketplace Feira Preta é uma iniciativa que valoriza empreendedor negro a partir de um olhar honesto e propositivo, reconhecendo que ele é precioso na construção de um ecossistema mais justo e equilibrado em oportunidades e resultados financeiros”, diz o site do marketplace. 

Outro exemplo de iniciativa da Feira Preta no meio digital é o #CulturaEmCasa, uma plataforma de vídeos que visa democratizar o acesso à cultura de qualidade. Assim, o streaming reúne conteúdos exclusivos de programas culturais de São Paulo e de outras instituições ou profissionais independentes. Vale destacar que o acesso é liberado gratuitamente e o acervo é organizado por uma equipe independente. 

O próximo evento da Feira Preta será uma participação no Back2Black Festival, uma união que visa promover o melhor da cultura negra. O evento acontece nos dias 25, 26 e 27 de maio no Armazém da Utopia, Rio de Janeiro, e no dia 28 de maio no Parque Madureira, Rio de Janeiro. 

Confira: 

Quem é Adriana Barbosa, idealizadora do maior evento de empreendedorismo negro da América Latina?

Como já citamos, Adriana Barbosa foi a idealizadora da Feira Preta. Nascida em São Paulo, ela se graduou em Gestão de Eventos e se especializou em Gestão Cultural pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação na Universidade de São Paulo (USP). 

A ideia de criar o festival foi inspirada por sua bisavó, Dona Maria Luiza, que vendia coxinhas para aumentar a renda da família. Ela chegou, inclusive, a montar um restaurante na própria casa anos depois, o que serviu de referência para inspirar Adriana, que também decidiu empreender. 

A princípio, Adriana criou o Brechó da Troca, em que oferecia roupas e acessórios em feiras e mercados alternativos de São Paulo na companhia de uma amiga que vendia pastéis. Com a experiência, ela começou a perceber que a Zona Oeste de São Paulo era palco de muitos artistas negros, mas nehum deles era protagonista e, quem enriquecia com esses talentos, eram os brancos. 

Por isso, em 2002, ela teve a ideia de criar a Feira Preta, uma forma de promover o afro-empreendedorismo em suas múltiplas esferas, dando oportunidade de empoderamento e crescimento de pessoas negras no setor econômico brasileiro. 

Como pode ser percebido pelos números que o festival movimenta, a iniciativa é bastante relevante no cenário do afro-empreendedorismo, não é à toa que Adriana Barbosa foi considerada uma das mulheres negras mais influentes pela premiação Mipad. 

Qual a importância da Feira Preta para o empoderamento negro?

Mesmo com o fim da escravidão no Brasil, a sociedade ainda enfrenta os reflexos das estruturas de poder que alimentam o racismo no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2021 mostrou que 84% dos entrevistados consideram o Brasil um país racista, mas apenas 4% se consideram racista. Dados como esse revelam o raso entendimento da população brasileira sobre o problema do preconceito racial e a dificuldade de se enxergar como um reprodutor desse preconceito em uma sociedade estruturada para fazer com que o racismo permaneça. 

O estudo também revela que 52% das pessoas negras declararam já ter sofrido algum tipo de preconceito racial no local de trabalho. Outra pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a PretaHub mostra que mais de 28 milhões de brasileiros trabalham de forma autônoma. Desse número, 51% dos trabalhadores são negros, sendo responsáveis por movimentar mais de R$ 288 bilhões por ano. 

Assim, entendendo as estruturas de poder que corroboram para a permanência do racismo no país, os números que mostram que o mercado de trabalho pode ser violento para as pessoas negras, uma vez que eles não são valorizados e muitas vezes são vítimas de preconceito racial, além do potencial que o afro-empreendedorismo mostra, iniciativas como a Feira Preta são de extrema importância para fomentar mudanças importantes na nossa sociedade, dando oportunidades para pessoas negras crescerem. 

No site oficial do Feira Preta, eles destacam que a troca e venda de mercadorias entre pessoas negras acontecem desde o período colonial, sendo uma forma de resistência à problemas como a pobreza e a escravidão. “A Feira Preta nasceu do empreendedorismo de uma mulher negra. Nós acreditamos na importância do empreededorismo negro na criação de tendências, nas inovações, no movimento da sociedade”, destacam. 

Movimentos como esse são essenciais para o nosso país, não é mesmo?! A cultura brasileira é extremamente rica e precisa ser democratizada e contar com a participação do afro-empreendedorismo. Gostou de conhecer a Feira Preta?! Para mais conteúdos como esse, continue acompanhando a Novabrasil

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