Brasileiro ‘A Flor do Buriti’ vence prêmio na mostra Um Certo Olhar em Cannes

CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O filme “A Flor do Buriti”, uma coprodução entre Brasil e Portugal dirigida por João Salaviza e Renée Nader Messora, levou o prêmio de melhor equipe —prix d’ensemble— da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, nesta sexta-feira (26).

O troféu principal ficou com “How to Have Sex”, de Molly Manning Walker. “Augure” levou o prêmio nova voz; “Goodbye Julia”, o liberdade; “The Mother of All Lies”, o de direção, e “Hounds”, o do júri.

Considerada a segunda principal seção do evento francês, a Um Certo Olhar premia cineastas que estão em começo de carreira. Salaviza e Nader Messora, no entanto, já levaram o troféu do júri na mostra há cinco anos, com “Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”.

Assim como seu antecessor, “A Flor do Buriti” foi desenvolvido ao lado dos krahôs, povo indígena do Tocantins que emprestou sua história, seus integrantes e sua língua para o cinema da dupla. Em 2018, seu trabalho chamou a atenção justamente por ter o krahô como idioma.

Isso se repete no filme de agora, que opera no limiar entre ficção e realidade ao registrar a tensão entre os povos da floresta e os “cupe”, os não indígenas, que com frequência invadem suas terras para desmatar e alimentar o tráfico de animais silvestres.

Enquanto os krahôs tentam seguir com seus ritos e tradições, representantes da aldeia planejam uma viagem a Brasília, onde se encontrarão com outras lideranças indígenas para pedir ao governo federal que adote políticas de preservação para seus povos.

No começo da semana, a equipe de “A Flor do Buriti” protestou contra o marco temporal no tapete vermelho. Além dos diretores, estavam presentes Francisco Hyjnõ e Ilda Patpro, atores do filme, que levantaram uma faixa que dizia: “O futuro das terras indígenas no Brasil está sob ameaça, não ao marco temporal”.

A premiação principal do Festival de Cannes, que inclui a entrega da Palma de Ouro, acontece neste sábado (27). Dois brasileiros podem ser laureados na ocasião –Karim Aïnouz, que dirige o longa britânico “Firebrand”, e Carol Duarte, protagonista do italiano “La Chimera”.

Aïnouz é o único brasileiro a ter vencido o prêmio principal da Um Certo Olhar, em 2019, com “A Vida Invisível”, estrelado justamente por Duarte. Menções especiais e prêmios do júri já foram entregues, além de para os próprios Salaviza e Nader Messora, a Andrucha Waddington e Juliano Ribeiro Salgado, por “Eu Tu Eles” e “O Sal da Terra”, respectivamente.

O júri da Um Certo Olhar deste ano foi presidido pelo ator americano John C. Reilly e teve como membros a diretora francesa Alice Winocour, a atriz alemã Paula Beer, a diretora francesa-cambojana Davy Chou e a atriz belga Émilie Dequenne.

LEONARDO SANCHEZ / Folhapress

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