RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou nesta sexta-feira (26) que o fim da etapa de apuração do Censo Demográfico 2022 está mantido para este domingo (28).
O órgão de pesquisas também reiterou que os primeiros dados da contagem da população brasileira serão divulgados em 28 de junho.
Os prazos informados nesta sexta estão em linha com as datas divulgadas pelo órgão no início deste mês. Na ocasião, o IBGE também indicou que a apuração iria até 28 de maio e que a divulgação dos dados seria em 28 de junho.
Segundo o instituto, recenseadores ainda estarão percorrendo parte dos setores do levantamento neste final de semana em um último esforço de coleta. Trata-se de uma operação residual.
Pela internet (caso a pessoa tenha o e-ticket) e pelo telefone, é possível responder ao Censo somente até esta sexta, indicou o órgão em postagens nas redes sociais.
Oficialmente, o instituto anunciou em 1º de março o fim da coleta das informações da pesquisa. Porém, a fase de apuração, iniciada em seguida, trouxe a possibilidade de participação para quem não havia respondido à pesquisa anteriormente.
A partir de segunda-feira (29), o IBGE pretende avançar no tratamento e na tabulação dos primeiros dados de população e dos domicílios.
No comunicado desta sexta, o instituto não indicou o que pode ocorrer com quem não responder ao Censo. Durante a fase de coleta, o órgão relatou em diferentes ocasiões que há previsão de multa para quem se nega a fornecer os dados solicitados, que são protegidos por sigilo.
Censo acumula atrasos
A operação censitária vem sendo marcada por uma série de atrasos. A contagem da população começou no dia 1º de agosto de 2022, após dois anos de adiamento do Censo.
Inicialmente, o IBGE planejava encerrar a coleta em três meses, até outubro de 2022. O instituto, porém, enfrentou uma série de dificuldades para realizar os trabalhos.
Na fase inicial da coleta, recenseadores reclamaram de atrasos em pagamentos e de valores recebidos abaixo do esperado. Isso gerou ameaças de greve e desistências de parte da categoria.
Não bastassem os problemas com os pagamentos, o IBGE também encontrou recusas de parte da população em responder aos questionários e até fake news sobre a pesquisa em meio à corrida eleitoral do ano passado.
Neste mês, o instituto reconheceu que a escassez de recursos impactou o Censo em áreas como a de publicidade. Inicialmente, a diretoria do IBGE não apontava esse fator como um dos principais obstáculos para o avanço da pesquisa.
“A falta de recursos, ela aconteceu. É importante que vocês saibam que 80% de todo o dinheiro do Censo é para pagar os recenseadores. Qualquer aumentozinho que você dá no recenseador, isso vai impactar de forma efetiva o orçamento”, disse o presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, em um seminário do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) no dia 2 de maio.
“Foi pouco [o orçamento], a gente não tem dúvida disso. Afetou sobretudo a parte de publicidade. A gente recebeu R$ 60 milhões para fazer publicidade. Esse número é muito baixo. É uma gota no oceano”, acrescentou à época.
Na mesma ocasião, além de citar a restrição orçamentária, Azeredo também associou os atrasos a uma “irresponsabilidade” de parte da população que não quis responder ao Censo. Ao tocar nesse ponto, ele citou as recusas em bairros de alta renda como Itaim Bibi, em São Paulo, e Leblon, no Rio de Janeiro.
O Censo costuma ser realizado a cada dez anos. A versão anterior foi realizada em 2010. A edição atual estava prevista para 2020, mas foi adiada à época pelas restrições da pandemia.
Em 2021, houve novo adiamento, mas dessa vez em razão do corte de verbas para o IBGE no governo Jair Bolsonaro (PL). Assim, a pesquisa ficou para 2022.
Especialistas já manifestaram preocupação com o risco de inconsistências em informações devido ao longo período de coleta do Censo, o que distanciou o término do trabalho da data de referência da pesquisa.
O IBGE, contudo, argumentou que o avanço das ferramentas tecnológicas nesta edição ajudou a mitigar eventuais ameaças. A tecnologia teria permitido acompanhar com mais precisão a evolução dos trabalhos.
LEONARDO VIECELI / Folhapress