Psicóloga faz ofensa homofóbica e agride funcionários de restaurante no Museu do Amanhã

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma psicóloga fez ataques homofóbicos contra funcionários de um restaurante no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro, e feriu a chef de cozinha do estabelecimento com uma garrafa de vidro. Juliana de Almeida Cesar Machado, 45, foi levada à delegacia e responderá pelos crimes de injúria homofóbica, lesão corporal e ameaça.

O caso aconteceu no sábado (27), dia em que Juliana comemorava seu aniversário. Ela estava acompanhada por seus pais no restaurante Casa do Saulo e, segundo testemunhas, tinha tomado duas garrafas de vinho. Ao final do almoço, após a psicóloga se exaltar durante uma discussão à mesa, ela começou a xingar os funcionários do estabelecimento, que pediram a ela que se retirasse.

Procurada, a família de Juliana disse que não vai comentar o caso e que há advogado acompanhando o processo judicial. Eles, no entanto, não passaram o contato da defesa.

As agressões foram filmadas pelos funcionários e por alguns clientes do restaurante que presenciaram a cena. Nas imagens, Juliana chega a afirmar que é desembargadora e que “vai trazer a polícia para fechar” o estabelecimento.

“Eu sou desembargadora, você está fudido”, disse, aos gritos. “Seu viado, filha da puta. Você é sapatão. Sua sapatão de merda”.

Na gravação, a chef de cozinha Isabela Duarte ouve as agressões sem reagir. Juliana, por sua vez, aponta o dedo contra ela e grita contra as pessoas a sua volta. Ela, depois, afasta-se levando uma garrafa de vinho e uma taça.

Em outro momento das agressões, Isabela é ferida no braço após a psicóloga arremessar a taça que estava segurando. Logo depois, ela joga a garrafa no chão. Em outro momento, ela também agride o rosto do auxiliar de cozinha Henrique Lixa.

Juliana foi algemada por agentes da Segurança Presente e levada para a delegacia da região. De acordo com a Polícia Civil, a distrital da Presidente Vargas, no centro, abriu uma investigação sobre o caso. A corporação informou que os envolvidos na agressão e as testemunhas estão sendo ouvidas.

Ao chegar à delegacia, Juliana começou a gritar e pediu para ser presa. “Eu quero ir para cela”, disse a psicóloga, aos berros, que continuou a xingar: “Me prende logo, sua filha da puta desgraçada”.

Inicialmente, o caso foi enquadrado apenas como lesão corporal. No entanto, após a repercussão, a Polícia Civil decidiu autuar a psicóloga por injúria homofóbica, lesão corporal e ameaça.

Museu e restaurante dizem repudiar homofobia

O Museu do Amanhã divulgou uma manifestação contra a homofobia após a agressão cometida pela psicóloga. Em publicação nas redes sociais, a direção do museu lamentou o “caso lastimável de homofobia” e disse que uma equipe acompanhou as vítimas até uma delegacia para registro de boletim de ocorrência.

“O Museu do Amanhã, como um espaço de convivência que valoriza o diálogo, a diversidade e a troca de saberes, é contra qualquer tipo de ação discriminatória e não compactua com nenhum ato de violência”, afirmou a instituição, em nota.

A manifestação foi publicada junto com uma foto em que o museu aparece iluminado com as cores do arco-íris, usadas na bandeira do movimento LGBTQIA+.

O restaurante Casa do Saulo, onde ocorreram as agressões, afirmou em nota que o espaço é de inclusão e que valoriza a diversidade como “temperos que dão sabor à nossa essência”.

Segundo o espaço, homofobia, racismo, xenofobia e preconceitos de todos os tipos não são bem-vindos.

Em 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) enquadrou a homofobia e a transfobia na lei dos crimes de racismo. A pena é de 1 a 3 anos de reclusão.

CAMILA ZARUR E CRISTINA CAMARGO / Folhapress

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